Seu sonho nunca foi uma geladeira nova
John Wick é uma das grandes franquias do cinema atual, e os carros que ele dirige são todos muscle cars americanos. Seguindo com o Keanu Reeves, em Matrix ele desfilou com um Lincoln Continental 1964, o mesmo carro que aparece com garbo na abertura da série Entourage. E quantos outros personagens não recorrem a carros antigos que expressam sua personalidade e são muito mais bonitos, elegantes e únicos do que os carros atuais?
Esses
dias mesmo o Otávio Mesquita, que chegou a correr em categorias turismo,
desfilou com um Galaxie 1970 da família. E muita gente endinheirada tem recorrido
aos antigos como fuga da mesmice dos carros atuais.
Claramente
a indústria automotiva perdeu a sua conexão com a cultura dos nossos tempos.
Esses carros de design bizarro, eletrificados, massificados, só ganham as telas
quando o marketing investe pesado e obriga os filmes e obras culturais a
utilizarem os veículos modernos (como foi com o Matrix 2 naquela cena da
autoestrada). Se o artista é livre para se expressar e se carros serão parte
relevante da empreitada, dá-lhe carros antigos.
É
um cenário que só contribui para o desimteresse das novas gerações pelo
automóvel. Esse foco exacerbado no trimestre, em o que vende hoje, em agradar o
consumidor chinês pois é quem está comprando (embora os indicadores recentes
mostrem uma bela freada de arrumação na economia chinesa), vai aos poucos
relegando a indústria automotiva a uma fabricante de eletrodomésticos, itens
que eram sonhos de pessoas relegados a cumpridores de tarefas.
Comentários
A diferença entre as categorias era gritante. Na A, os carros andavam a poucos metros um do outro, lembrando um trenzinho de montanha russa. Na B, era gente rodopiando na reta, errando frenagem, cortando a grama, fechando os outros. Na real, era muito mais divertida de assistir.