Comparativo: SUV ou sedã?
Jeep Compass Longitude T270 x Toyota Corolla Altis 2.0
Dois pesos-pesados em termos de venda. O Compass que por muito tempo figurou entre os 10 carros mais vendidos do Brasil, apesar de seu preço elevado, e o Corolla que dominou o segmento de sedãs de tal forma que fez a Honda desistir do Civic no Brasil (vergonhoso).
Mas a
comparação aqui não é somente os carros em si, mas a escolha SUV x sedã, e
achamos que faz sentido usar estes campeões de venda e concorrentes em preço
como exemplo.
Design: é muito
subjetivo e varia enormemente de pessoa para pessoa. Mais do que SUVs e sedãs,
existem carros bonitos e carros feios. Neste caso ambos são do primeiro grupo:
o Compass com um desenho muito feliz que remete aos SUVs maiores da marca como
o Cherokee, a famosa grade com 7 divisões, a exuberante linha cromada em cima
das portas e uma traseira um tanto sem sal mas que combina com o conjunto. O
Corolla é também de execução primorosa, e também lembrando um modelo maior da
mesma marca, no caso o Camry. A frente é particularmente bonita com os faróis afilados
e o detalhe dos faróis de neblina, e a traseira traz elementos da Lexus nas lanternas.
Robustez: o
Compass é particularmente feliz nesse aspecto, mais do que os outros SUVs da
mesma categoria. Talvez isso seja herança de um jeito Jeep americano de fazer
carros sem muita preocupação com o peso. Chega até a ser desagradável em alguns
momentos, com portas pesadas um tanto demais. É fato que o carro parece um
cofre. O Corolla é muito sólido e passa muita confiança; é aquele carro em que
tudo funciona sempre e como deveria. Agora, são sensações subjetivas; a
capacidade dos carros de suportar piso irregular em termos de danos que isso
possa causar nos parece igual, a maior robustez do Jeep compensada pela
precisão de montagem e acabamentos do Toyota.
Altura do solo:
ambos são os piores exemplos de suas categorias. Fosse qualquer outro sedã, ou
mesmo o Corolla da geração anterior, e aqui estaríamos descendo o cacete no
Compass, que tem as manhas de ser um SUV que raspa a frente. O tema era tão
crítico que foi trabalhado pela Jeep com a adoção do motor 1.3, e melhorou bem.
Hoje o Compass se comporta como um carro (e não SUV) normal em termos de
capacidade de superar valetas e rampas sem raspar. Já no Corolla a Toyota se
empolgou muito em deixar o carro próximo ao solo, com certeza visando obter
médias de combustível astronômicas na versão híbrida, e esqueceu dos desafios
enfrentados pelos carros no Brasil em termos de asfalto ruim. O Corolla é
daqueles carros que incomodam, precisa passar de lado nas valetas, qualquer
distração e lá vem o barulho de frente raspando. É muito chato e desagradável.
Se esse é um ponto importante para você, pense no SUV com carinho.
Espaço interno:
Ao contrário do que a maioria pensa, não há nenhuma vantagem intrínseca nesse ponto
num SUV com relação a um sedã; as diferenças se devem principalmente a decisões
de projeto de cada carro. No caso do Compass, existe claramente uma preocupação
com este tema, que levou a um excelente espaço na frente e atrás, em altura e
comprimento. O Corolla poderia ser tão espaçoso quanto (outros sedãs são, como o
Jetta), porém a Toyota fez uma opção inexplicável por bancos absolutamente
massivos na frente, uma coisa totalmente desproporcional e fora de contexto
que, embora confortáveis, roubam tanto espaço que o carro se torna ruim nesse
aspecto, perdendo significativamente para o Compass. Um ponto onde sedãs
costumam ser piores que SUVs é na altura do banco traseiro: SUVs são mais
quadrados e constumam ter o teto reto naquela parte, o que permite bom espaço
para as cabeças dos ocupantes do banco traseiro. Já sedãs com perfil de cupê,
como o Corolla, tem o teto na descendente naquele ponto e isso compromete um
pouco o espaço.
Porta-malas:
SUVs são surpeendentemente ruins de porta-malas de forma geral, e o Compass não
é exceção. O tipo de construção impede porta-malas profundos, e os pneus e
rodas maiores acabam redundando num estepe maior, mesmo que temporário,
reduzindo ainda mais o espaço. O Corolla possui 70 litros de porta malas mais
que o Compass, diferença importante, e o único pênalti fica para as dobradiças
pescoço de ganso que atrapalham um pouco a colocação de bagagem.
Desempenho: é uma
junção de muitos fatores, especialmente motor, peso e câmbio. Aqui os SUVs
tendem a ser piores que os sedãs por normalmente serem mais pesados. Esse peso
extra em alguns casos pode ser robustez, sim, mas normalmente é somente questão
de projeto e design. Um exemplo é a área envidraçada, maior nos SUVs e de peso
significativo. É comum SUVs terem motorizações mais potentes para compensar o
desempenho. Se considerarmos o Compass com a motorização 2.0 aspirada, similar
à do Corolla, vemos que o sedã dá uma surra no SUV em performance: acelera mais
rápido, retoma mais rápido, tem mais velocidade final e mais disposição em
qualquer rotação. A situação no Compass melhorou bem com o motor 1.3T, e aí a
diferença de desempenho entre os carros se dá mais pela diferença no
comportamento dos motores. O torque alto do motor turbo em baixas rotações
coloca o Compass em relativo pé de igualdade ao Corolla em acelerações a pleno.
No entanto, o sedã ainda leva vantagem em retomadas, por ser mais leve, assim
como em velocidade final. É importante notar que o Corolla usa um câmbio
excepcional, CVT com primeira marcha física, que confere alto desempenho em
todas as situações. O câmbio convencional automático do Compass troca de marchas,
o que sempre causa perda de desempenho.
Estabilidade: Sedãs
também costumam ser melhores que SUVs aqui. São mais baixos, têm o centro de
gravidade mais baixo, menor área envidraçada e menos peso no teto – agravado se
o SUV tiver teto panorâmico. Compass e Corolla têm bons arranjos de suspensão e
calibração excelente para absorção dos impactos (o Corolla é surpreendente,
melhor que Mercedes), ao mesmo tempo em que entregam excelente performance
quando exigidos em curvas. O limite do Corolla é claramente mais alto; o Compass
quando exigido em estabilidade mostra claramente seu alto peso e a dianteira
perde aderência bem mais cedo.
Custos: existem
argumentos para defender que manter um SUV é mais caro. Pneus costumam ser
maiores, em rodas de aros maiores. O peso total mais elevado pode causar maior
desgaste na suspensão especialmente em impactos. O consumo normalmente é maior.
Porém são fatores muito relativos e que dependem muito de carro para carro,
marca para marca, utilização que se fará do veículo. Não acreditamos que hoje a
diferença de custos para se manter um SUV ou sedã da mesma faixa de preço de
compra sejam diferentes o suficiente para influenciar a decisão de aquisição.
Segurança: exista
uma leve vantagem a favor do SUV, baseada principalmente na maior altura do
solo que permite maior visibilidade. Além disso, num trânsito lotado de SUVs,
quem anda em sedã realmente perde parte da visibilidade de lomga distância pois
todos os carros ao redor são mais altos. Existe também alguma argumentação que,
num impacto entre um SUV e um sedã, mantendo parâmetros iguais para os dois
carros, os ocupantes do SUV estariam mais bem protegidos, mas é algo que depende
de tantas variáveis que nem deve contar. Por outro lado, a segurança ativa do
sedã é melhor: por ter o centro de gravidade mais baixo, a chance de capotamento
em manobras bruscas é consideravelmente menor.
Qual comprar? Especificamente
entre Compass e Corolla, aquele que você mais gostar. A influência vai se dar
por fatores fora da discussão entre SUV e sedã; um ponto decisivo pode ser a
dúvida sobre a longevidade e manutenção do motor T270 na Compass por exemplo.
Pensando exclusivamente no formato de carroceria, vamos recomendar a compra do
sedã por um motivo simples: eles estão acabando. Em breve você só vai poder
comprar SUV e aí vai perder a chance de experimentar um formato de carroceria diferente.
Comentários
Só o fato de o Jeep ter o frágil motor T270 já é um motivo para não comprar, sem contar que ele, novamente na minha opinião, não anda, não para, não faz curva, o porta-malas é pequeno, o consumo, pelo tamanho do motor ser alto.