Not dead yet
Sei lá quantos meses sem postar.
Esses dias um amigo apareceu com uma Mercedes GLC 350 (acho
que era isso) para fazermos uma viagem e ofereceu para que eu dirigisse. Eu recusei.
Isso vindo de uma pessoa que voluntariamente dedivaca tempo no final de semana
para ir até concessionárias aguentar papo furado de vendedor somente para conseguir
fazer um test drive. Então o que aconteceu?
Acho que a maior desilusão é que os carros ficaram todos
iguais. Com raras exceções, o carro que você vai comprar hoje é tração
dianteira, 4 cilindros downsized com turbo, automático, com McPherson na
dianteira e eixo de torção na traseira. Então achar diferenças emtre eles
começa a ficar bizarro, um tem air bag de cortina, o outro tem controle de
cruzeiro adaptativo, a diferença fica nos detalhes.
E pouco importa, porque você não vai conseguir comprar. Primeiro
pelos valores absurdos, estamos falando de altas ao redor de 40% em dois ou três
anos, acima de qualquer inflação ou variação cambial. Segundo que, mesmo que você
seja um dos felizardos com bala na agulha, seu carro vai chegar daqui oito
meses, com preço reajustado, da cor e conjunto de opcionais que estiverem
disponíveis.
Quero abrir um parênteses para o Jeep Commander. Sim, é um
carro caro e que já ficou quase 20% mais caro desde o lançamento. É um carro
com uma fila de espera absurda e é um quatro cilindros downsized automático, sem
grandes personalidades. Mas é um carro de grande porte, recheado de
equipamentos e fabricado no Brasil, talvez o melhor que já tivemos nesse sentido
desde o Omega, o que é motivo para celebração.
Então me fala, qual a graça de falar de carros nesse cenário?
Pra ficar lamentando a desgraça? Xingar as fabricantes? Este governo e os
outros governos que foram criando situações tributárias e econômicas cada vez
menos sustentáveis? Ou fingir que nada acontece e ficar comparando Taos e
Compass pela textura no painel sabendo que pouca gente conseguirá comprá-los?
Um acontecimento paralelo é o aquecimento do mercado de
carros antigos. Usados também, mas aqui me refiro aos com 20-30 anos de
fabricação. Primeiro que, naturalmente, são relativamente poucos os exemplares
sobreviventes em bom estado. Segundo que hoje há uma disponibilidade de peças e
mão de obra impensável até poucos anos, o que permite manter os velhinhos
rodando. E terceiro que eles possuem a personalidade que falta aos caixotes
plastimóveis que são vendidos hoje. Note como um Fusca, Corcel ou Gol quadrado bem
cuidado se destacam na multidão. Como carros são uma extensão da personalidade,
muitos têm optado por este caminho, e ainda bem. Se as montadoras tivessem departamento
de inteligência com certeza já teriam se antenado a esta tendência, mas
inteligência e montadora no Brasil não combinam.
Eventualmente vamos dirigir um carro bacana e vamos relatar
aqui. Mas que tá difícil, isso tá.
Comentários
Não desista. Volto a afirmar do lado de Nasser e Mahar você possui o melhor texto do mundo do jornalismo automotivo.
Comprei meu Jetta influenciado pelo que você escreveu....
Insista e Persista
Pense em YouTube também, é pra lá que os bloggers foram.
Ando de Fielder até hoje pois não tenho coragem mais de gastar uma fábula para trocar de carro. Ainda mais com renda fixa pagando o que está pagando.