Salão Vazio do Automóvel


Têm causado alguma repercussão no meio as baixas enfrentadas pelo Salão do Automóvel 2020. GM e Toyota já declinaram sua participação, além de muitas outras que já estiveram ausentes da edição de 2018 e também de outros salões pelo mundo. A lista inclui Peugeot, Citroën, BMW, Volvo, Jaguar, Land Rover e Mini.

A alegação das marcas é que participar do Salão é muito caro e elas preferem investir em eventos menores e mais selecionados, nos quais podem causar maior impacto ao seu público. É verdadeiro, assim como também é verdadeiro que a verba de marketing é cada vez menor e cada vez mais focada no mundo digital, que permite mensuração real dos resultados.

Há tempos que alegamos aqui no M4R sobre a furada que é ir a um Salão, pelo menos para quem está lá pelos automóveis.

Começa pelo ingresso caro, estacionamento caro, alimentação cara e transporte público deficiente. Depois, passa pelo mar de pessoas que torna a circulação desagradável.

A maioria dos carros pode ser vista em concessionárias com muito mais tranquilidade e conforto (além disso, dado o horroroso padrão de atendimento na maioria delas, você pode entrar e sair do show room inteiro sem que um vendedor saia do Whats e venha te incomodar). As marcas premium deixam os carros fechados e ai o estande todo se torna de uma inutilidade sem tamanho.

Os carros de sonho, quando vêm, ficam trancados e expostos em plataformas. A diferença entre ver o carro ali e na Internet acaba sendo pequena, sendo que ainda é possível ver o carro em detalhes em vídeos diversos disponíveis por aí.

As interações nos estandes são pequenas; o conteúdo ali disponível é inferior ao disponível na Intranet. E a possibilidade de test drives, que honestamente acreditamos que poderia ser uma salvação, é mal aproveitada pela logística do lugar e pelo comportamento medroso e covarde das montadoras que ficam com o maior medinho do público andar com seus carros.

A nosso ver, uma possível solução seria um evento VIP, nos moldes do que é feito para a imprensa: pequeno grupo de pessoas, indo a um estande por vez, com apresentação dos executivos da fabricante, conhecendo os carros no detalhe. As empresas, por sua vez, teriam a certeza de estarem falando com pessoas altamente interessadas, com poder aquisitivo e influenciadores em seus grupos e redes sociais. Os estandes poderiam ser muito mais simples, reduzindo investimentos.

Com o desinteresse cada vez maior das pessoas e especialmente as novas gerações pelo automóvel, eventos de massa tendem a definhar mesmo. Vai se dar bem quem tiver um ótimo produto e convencer os influenciadores disso.

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