Um pouco sobre os antigos

Vamos falar agora um pouco sobre o universo de carros antigos.

No feriado de Tiradentes aconteceu o Encontro Anual de Antigos em Águas de Lindoia, no estado de São Paulo.

Vamos listar agora três motivos para ir ao evento e três motivos para não ir.

Motivos para ir:

1.   O encontro em Águas de Lindoia (também conhecido somente por “Lindoia”, embora esse seja o nome de uma cidade vizinha) é de longe o mais importante encontro de antigos do Brasil. O que começou com um evento modesto se tornou um colosso que extrapola a capacidade hoteleira e dos restaurantes da região. É a referência em encontro de antigos no Brasil e a única oportunidade de ver ao vivo algumas raridades que normalmente não saem das garagens de seus proprietários.

2.   De forma muito inteligente, Lindoia também passou a receber estandes de lojas de venda de carros e peças, bem como todo tipo de “memorabilia” ligada ao universo. Para nós, essa parte é de longe a mais interessante, e uma ida a Lindoia vendo só esses estandes é bem mais satisfatória que uma ida vendo somente os carros em exposição. É possível ter uma ideia mais freal dos preços praticados pelos antigos, por suas peças, e também conhecer as histórias dos carros.

3.   Para quem está em São Paulo, Lindoia é convenientemente perto para permitir um bate e volta. Além disso, existem cidades bem próximas, como Serra Negra, com opções de hospedagem a preços razoáveis. Então não é um esforço enorme fazer uma visita.

Motivos para não ir:

1. O encontro em Águas de Lindoia (também conhecido somente por “Lindoia”, embora esse seja o nome de uma cidade vizinha) é de longe o mais importante encontro de antigos do Brasil. O que começou com um evento modesto se tornou um colosso que extrapola a capacidade hoteleira e dos restaurantes da região. É impossível se hospedar dignamente na cidade, os preços ficam inflacionados, e a multidão torna impossível curtir os carros com calma. É exatamente o que aconteceu com o Salão do Automóvel, que paramos de frequentar.

2. Lindoia atrai o que há de pior no antigomobilismo. Nunca fomos ao encontro de Araxá, que tem se esforçado para ser o verdadeiro “concours d’elegance” brasileiro, com leilão, premiação e toda a empáfia desses convescotes entre milionários. Mas Lindoia não fica muito atrás, com os carros protegidos por fitas e colecionadores endinheirados arrotando sobre suas Alfa Romeos caríssimas.


3. Muitos dos proprietários de antigos não se satisfazem com o modelo de “tira o carro da garagem, põe na plataforma, desce no encontro, paga um rapaz para ficar passando pano, ganha medalha, põe da plataforma, volta para a garagem e hiberna mais um ano”. São pessoas que entendem que carros foram feitos para rodar e serem curtidos. Então tem proliferado uma série de encontros com antigos rodando, seja por estradas ou no meio das cidades mesmo. Ver a rua tomada por antigos, como se voltássemos aos anos 60, 70 ou 80, é mágico, e traz uma sensação agradável de nostalgia. É claro que se você tem uma Lancia da década de 30 única no Brasil não vai ficar rodando com ela por aí. Mas ficar exibindo Maverick e Dodge como se fosse a última bolacha do pacote é um pouco demais. Somos mil vezes mais um encontro de antigos com eles rodando, mesmo que a qualidade média dos carros não seja de exposição, do que ficar vendo um carro à distância, bloqueado por fitas, que posso fazer muito bem por fotos no conforto do sofá.

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