C'est la vie
O comentário que recebemos num post recente sobre a dificuldade dos franceses nos fez pensar que esse seria um bom
tema para divagar.
Porque existe resistência contra os
franceses no Brasil? Abaixo a nossa visão.
Renault
A Renault é hoje de longe a
“francesa” de maior sucesso no Brasil. Francesa entre aspas, pois os campeões de venda são produtos da Dacia, subsidiária romena
que se especializou em projetos robustos e de baixo custo. Além deles, há ainda
o Fluence, projeto coreano.
Todos os carros anteriores de origem
francesa foram fracasso de vendas, com a exceção talvez da Scénic quando era a
única minivan disponível. Mesmo a Mégane Grand Tour, que por anos foi a única
perua acessível do mercado, não vendeu como deveria.
A decisão comercial que levou a
Renault a trazer o Logan para seu portfólio no Brasil talvez nem fosse tão
influenciada pela robustez, mas pela oportunidade de oferecer um carro com
espaço de médio e preço de compacto, algo desejável e até então fora do alcance
de muitos brasileiros, que precisavam apertar mulher, sogra e filhos em
cubículos como Siena e Classic. O sucesso foi tanto que o Logan criou um
segmento, o dos carros com tamanho de médios e simplórios em acabamento, que
hoje conta também com Grand Siena e Cobalt.
É difícil criticar a escolha do ponto
de vista comercial. O Sandero seguiu uma trajetória de sucesso ainda maior e
inclusive tem uma versão que reverenciamos, a RS. O Duster ainda é o SUV
acessível com melhor espaço, exatamente os argumentos do Logan, e nós já vimos
mais de uma família migrar para o Duster quando seus carros anteriores deixaram
de ser espaçosos o suficiente.
Só que isso resultou num total
afastamento dos excelentes produtos oferecidos pela Renault na França. Nem o
esportivo Mégane RS chegou a ser importado. E quem sente falta desses produtos?
O entusiasta, sem dúvida. A Renault concedeu a nós duas propostas válidas – o
extinto Fluence GT e o Sandero RS, e já é muito mais do que a Fiat tem feito
por exemplo – e o resto da linha fica para os consumidores “normais” que são a
vasta maioria.
Hoje não acreditamos que exista
resistência contra os carros na Renault, ao menos não generalizada. Basta ver o
sucesso do Logan e Duster como táxi para atestar sua robustez, que é o que
afasta compradores da PSA. E o Fluence, se não vende, não é por preconceito com
robustez e sim por falta de competitividade do produto mesmo. Aqui sim achamos
que valeria rever a estratégia e fabricar no Brasil o Mégane francês para
voltar a ter competitividade entre os sedãs médios.
Peugeot
Imagine um gordo atleta. Sei lá,
jogador de basquete. O cara é muito bom, preciso nos arremessos, conhecedor de
táticas, excelente armador, porém longe de uma boa forma física. Este
hipotético jogador tem uma dificuldade clara – o peso – e para se manter
competitivo precisa ser excelente nos outros quesitos.
É a luta da Peugeot com o seu
pós-venda. O pós-venda é a gordura, a barriga que atrapalha. Para compensar
esta dificuldade, só oferecendo um produto excelente, de desejo. E no começo a
Peugeot conseguiu isso com o 206. Um dos hatches compactos mais interessantes
de todos os tempos, com design premiado, dirigibilidade acima da média, versões
para todos os gostos, desde a 1.0 até uma esportiva 1.6 16v, acabamento
superior, e por aí vai. Um carro que vendeu bastante, que a concorrência
adoraria ter para si. Só que sempre precisou lutar contra uma rede de
concessionárias gananciosas, despreparadas, mal treinadas, sem orientação, que
tornavam a vida do consumidor um inferno (nota: sabemos que existiam muitas
concessionárias decentes. Infelizmente bem menos do que seria necessário).
E o 206 vendia bem mesmo assim, pois
era desejável. Mesmo o 307, logo em sue lançamento, chamou a atenção pelo
pacote de motorização e principalmente equipamentos acima da concorrência,
embora não tão desejável quanto o 206 em seu segmento.
O que seria ideal para a Peugeot?
Emagrecer, ou seja, cuidar da ¨#%@#&#* da rede de concessionárias. Adestrar
mesmo. Só que não fizeram, ao menos não na velocidade necessária. E aí o 206
dando sinais de cansaço e ao invés deles manterem o cacife alto com o 207
europeu, eles inventaram uma aberração horrorosa, que chamamos de 206,5, que
deixou de ser desejável imediatamente. Aí danou-se né. Sem produto e sem
pós-venda, coube à Peugeot amargar anos de irrelevância.
E a robustez, que não era o forte mas
também não era lamentável no 206, era pior nos outros modelos, como 106 e
principalmente 307, que sofriam de panes elétricas, suspensão frágil, motores
que apagavam e diversos outros problemas.
E aí o que você faz quando sua marca
tem problemas de imagem de confiabilidade? LANÇA UMA PICAPE! Veículo para o
trabalho! Sério, quem tem uma ideia dessas? A Hoggar nasceu morta.
Hoje a Peugeot está muito melhor. Com
exceção do moribundo 307,5, e do 408 que é um sedã chinês igualmente defasado,
a linha é interessante, com o belíssimo e europeu 208, inclusive em versão GT, o 2008 que é um belo produto castigado pela falta de
câmbio automático na versão turbo, e mesmo o 3008 poderia ter vendido
mais com investimentos em divulgação, pois é uma bela proposta.
O problema é reconquistar o
consumidor. No M4R brincamos que todo consumidor Peugeot é marinheiro de
primeira viagem, pois se já teve um, não volta. Sabemos que não é assim e que
existem vários Pugs rodando confiavelmente por aí. Porém há que se fazer algo
com essa imagem, melhorá-la com alguma promoção. Antigamente as fabricantes
colocavam os carros para rodar dias seguidos, como feito com DKW, Maverick e
tantos outros. Algo assim talvez? Ou seguir o exemplo da irmã.
Citroën
Irmã da Peugeot no grupo PSA, nunca
desfrutou de um produto de sucesso como o 206. Na Cit não existe portanto a
sensação de potencial desperdiçado que existe na Pug. Além disso, a principal
característica da marca, a inovação, infelizmente não serve para um país
atrasado como o Brasil. Basta ver a má fama que Xantias e XMs pegaram com sua
suspensão hidráulica.
Então a Cit vive à sombra, sem vender
muito, mas aparentemente sem querer vender muito. Acertou um bom nicho com o
C3, proposta interessante de custo-benefício com design, e teve um sucesso no
C4 Pallas, grandalhão porém com mecânica sem segredos e cujo baixíssimo preço
de revenda o tornou o sedã favorito de famílias de baixa renda.
Mesmo sem um blockbuster no
portfólio, a Citroën tem trabalhado bem sua imagem ao promover seu programa de
revisões baratas, aumentando a percepção de confiabilidade, e trabalhando seus
produtos, seja um C3 belo e equipado por preço competitivo, ou mais ainda no C4
sedã, que agora só está disponível com o ótimo motor 1.6 turbo de origem BMW e
que portanto não passa pela impressão de pouca confiabilidade. Resta saber se
as concessionárias estão aptas a prestar bons serviços, especialmente
considerando que muitas fazem parte de um mesmo grupo comercial.
Interessante notar que enquanto as
três francesas de certa forma “batem cabeça”, a Hyundai veio por meio de
importadora, extremamente agressiva em preço, comprou participação de mercado,
já meteu 5 anos de garantia para espantar dúvidas com relação a robustez e
confiabilidade, depois tomou todos os cuidados para lançar um produto superior
à concorrência e competitivo em preço, e agora ameaça abiscoitar o quarto lugar
em vendas da Ford sendo que perdeu relevância em todos os outros segmentos de
mercado à exceção dos SUVs. Imagine se o i30 ainda fosse competitivo...
Comentários
O motor THP, projetado pela PSA Peugeot Citroën em parceria com a montadora BMW, é um dos grandes destaques do setor automotivo dos últimos tempos. Criado para unir tecnologia e manutenção econômica, o THP se tornou um sucesso em veículos das mais diferentes categorias e promete alcançar resultados ainda melhores em 2017, quando se tornará a única opção de motorização para todas as versões dos modelos Citroën C4 Lounge e Peugeot 308. Saiba mais sobre o motor THP e entenda o motivo de tanto sucesso.
Turbinado e eficiente, o motor THP – sigla para Turbo High Pressure, oferece tecnologia e baixo custo de manutenção para o usuário. Ele é capaz de sobressair em veículos de diferentes tipos e comportamentos, como é o caso do Peugeot 308 CC, Peugeot 508 e do Citroën DS3. Todos estes carros possuem o motor 1.6 turbo THP, que oferece boa potência e torque em todos os casos, além de agregar valor ao conjunto de cada modelo.
Veja também: Land Rover Velar SVAutobiography Dynamic - Nova Edição Especial
O motivo de tanto sucesso do THP vem do conjunto do bloco, que é composto por 16 válvulas com comando de admissão variável. Ele foi construído com o objetivo de reduzir o atrito no motor, resultando em economia de combustível e emissão de poluentes extremamente reduzida. A Peugeot Citroën e a BMW optaram por construir o bloco com tecnologia de acionamento pilotado para diversos componentes, como a bomba de óleo, a turbina do motor, alternador, bomba d’água e outros, fazendo com que todos estes componentes sejam controlados de acordo com um padrão eletronicamente definido, através do modo de injeção eletrônica. Esta tecnologia faz com que o funcionamento do motor seja mais preciso, diminuindo o gasto desnecessário de energia.
O primeiro veículo da Peugeot a receber o THP de fábrica foi o Peugeot 3008, um crossover que trazia baixa cilindrada e alta potência. Com os bons resultados obtidos com oTHP, a montadora resolveu equipar os modelos Peugeot 308CC, 508, 408, Peugeot RCZ e o 308 Feline com o motor. A Citroën decidiu também adotar o THP em alguns de seus modelos, como os carros Citroën DS3, DS4 e Citroën DS5, todos eles comercializados no Brasil.
Em 2017, o motor THP será a única opção disponível para todas as versões do Citroën C4 Lounge e Peugeot 308, além de ser opção também nos modelos já citados de ambas as marcas. É uma boa notícia para os consumidores que pretendem adquirir um dos modelos da Peugeot ou Citroën que oferecem o motor Turbo High Pressure, que poderão contar mais desempenho e a tecnologia em seus próximos veículos.