Opcionais desobrigatórios

Saiu recentemente no feed da Quatro Rodas uma matéria sobre quais equipamentos são menos utilizados pelos compradores de carros novos. A pesquisa foi realizada nos Estados Unidos, por isso o nível dos equipamentos está acima do que estamos normalmente acostumados. Mesmo assim, vale conferir:

Percentual de motoristas que não usou o recurso após 90 dias da compra do carro:

1. Serviço de concierge – 43%
2. Wi-fi – 38%
3. Park Assist – 35%
4. Head-up display – 33%
4. App da marca – 33%

Vamos a eles.

Serviço de concierge era algo muito interessante antes dos smartphones. Hoje é mais rápido ecolher o restaurante, reservar e colocar o caminho no GPS pelo celular do que ter que se comunicar com um atendente para um serviço bizarro. Você se imagina pedindo indicações para uma atendente de “restaurante de comida japonesa nesta região”, sem saber de antemão se será um pé-sujo, ou extremamente caro? Fazia sentido antigamente, hoje já pode ser desativado. Seria muito melhor se fosse uma secretária de verdade, que soubesse de suas preferências, datas importantes, encomendasse presentes...

Aí a GM anuncia o serviço no Brasil em pleno 2016. Sério, o que esses caras têm na cabeça? Lançaram serviço dos anos 90 vinte anos depois. Se não lançou na época, desiste, vai fazer um motor melhor para o Onix que é muito mais importante.

Wi-fi. É um modem 3/4G dentro do carro que recebe sinal de internet e transmite via Wi-Fi para os celulares dos passageiros. Que por sua vez têm acesso à mesma rede, e muito mais rápida pois não precisam compartilhar. E também não pagam pois têm planos ilimitados.

Park Assist. Esta é a típica tecnologia de mostrar pros vizinhos. Nós fazemos isso nos testes de carros que têm o recurso. Procuramos uma rua calma, bem calma, muito calma, deserta mesmo, avistamos uma vaga duas vezes maior que o carro e aí acionamos o recurso para impressionar algum passageiro.

Na vida real o Park Assist não funciona. Quando você o aciona e ele começa a procurar vagas, ele só identifica a vaga depois de ter passado mais de quatro metros dela. Já nos aconteceu: o sistema demorou tanto para perceber a vaga que o carro de trás pegou-a. E se a vaga for minimamente apertada ele ignora. Se a calçada for rebaixada ele ignora. Se for mais alta que o normal ele ignora. Se for levemente curva ele ignora.

É muito, muito mais rápido estacionar pelo método tradicional, fazendo baliza. Notem que não testamos ainda os Park Assist que param em vagas perpendiculares, estes talvez sejam melhores.

Head-up display. Provavelmente mais atrapalha que ajuda. Com clusters bem projetados, qual o sentido de um HUD?

App da marca. Só é útil se tiver funções úteis, como ligar o carro à distância, acionar o ar-condicionado, monitorar combustível e pressão dos pneus, entre outros. Se é pra fazer propaganda ou ficar estático com a foto do carro, realmente não precisa.

Listamos a seguir outros itens que pouco utilizamos:

Sensor crepuscular. Sabemos quando está escuro e é preciso ligar os faróis. Principalmente, sabemos quando a diferença de luminosidade se dá por cobertura de árvores, passagem sob pontes e outros elementos breves que não requerem ligar as luzes – especialmente quando o carro tem xenônio e aí rola aquele mega brilho quando liga o farol.

Ar bizona. Coloca o motorista no 18 e o passageiro no 24 e pergunte se eles estão realmente nas temperaturas indicadas. O bizona permite um ajuste fino da temperatura controlada, que na prática tem bem pouca diferença de um monozona eficiente com regulagem de meio em meio grau.

Espelhos externos rebatíveis eletricamente. São ótimos. Nossa implicância vai com os que rebatem de mentirinha, mexendo 5 graus da posição original ou então se contorcendo pra ficar na vertical e no final economizando muito pouco da largura do carro. Por favor, projetem os espelhos de forma que concedam boa visibilidade, aerodinâmica e possam ser completamente rebatidos.

Iluminação do piso sob o espelho. Mimo que se tornou comum com a adoção dos piscas nos retrovisores. A ideia é boa, porém mal executada. Supondo que você estacionou num lugar escuto e abriu a porta. A iluminação te ajuda a ver onde vai pisar, certo? Bom, deveria ser assim, só que como a iluminação está no espelho, ela ilumina o que está DEPOIS da porta, que está aberta! E ali onde você vai sair fica sem iluminação mesmo. Por isso que, ao projetar esta conveniência, ela ficava DENTRO das portas.

E na hora de chegar no carro a coisa não melhora muito, pois em alguns modelos o simples detravar das portas à distância não acende esta luz, é necessário abrir a porta efetivamente, pela maçaneta. Ora, se você está abrindo a porta pela maçaneta, já está no local que deveia estar iluminado!


São detalhes, existentes em carros de segmento superior. Sabemos. First world problems. Mas não custava a turma dos engenheiros pensar isso melhor.

Comentários

Marlon Guerios disse…
No meu carro o farol fica no automático o tempo todo e funciona muito bem, inclusive não acende quando passa apenas pela sombra de uma árvore ou embaixo de um viaduto, pois tem um delay de alguns segundos.

Quanto ao ar bizona eu gosto muito, pois mesmo que a temperatura não esteja exatamente a que está no display, ainda assim o passageiro terá um ar com uma temperatura diferente da do motorista. Já usei e foi muito útil, principalmente quando o passageiro é uma mulher.

Quanto ao resto, concordo plenamente!

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