Os falecidos de 2014

Começamos o ano nos despedindo dos modelos que deixaram de ser comercializados no Brasil no ano passado, pegando a lista de uma matéria do Estadão.

Começamos pela GM, que eliminou Agile e Sonic. Lamentamos pelo segundo, cujo design atrevido era um sopro de novidade num mercado de carros muito parecidos, especialmente no caso do hatch. É difícil dizer porque o carro não "pegou". Provavelmente uma mistura de baixo investimento em promoção por parte da GM, falta de interesse de vender um carro importado da Coreia, espaço interno insuficiente para famílias e, de verdade, um interior que não acompanhava o exterior. Não dirigimos nenhum Sonic, mas andamos em um e os plásticos duros e mal encaixados eram realmente frustrantes. Veja que o Fiesta tem características parecidas com o Sonic e vende bem, portanto acreditamos em falta de empenho da GM mesmo.

Já o Agile não deveria nem ter nascido. É o nosso Pontiac Aztek, carro mundialmente conhecido por sua feiúra. Dirigimos um recentemente, e não tem salvação. O que é feio por fora ele é ruim de guiar, com pedais enviesados e câmbio longo e impreciso. A geometria de direção é bizarra, você vira o volante para dobrar a esquina e a sensação é de capotamento. Mas dá pra entender os argumentos que convenceram quem levou um pra casa: ótimo espaço interno e porta malas pelo tamanho, desempenho agradável, economia de combustível absurda (é um dos carros mais econômicos que já dirigimos) e principalmente lista de equipamentos raramente vista na categoria, com computador de bordo, sensor de luminosidade e piloto automático. Fez o seu papel de manter vendas para a GM, e foi isso mesmo: um produto corporativo de uma empresa quebrada, algo longe de chamar a atenção dos entusiastas. Note que para ele não teve edição Collection, ao contrário do que aconteceu com Vectra, Meriva e Zafira... Até a GM reconhece a bizarrice que vendeu. Agora esperamos o fim da Monstrana.

A Peugeot matou o 207 sedã, a Hoggar e o 508. O primeiro um troço feioso e monstrengo, criado em cima do 206,5 que não deveria nunca ter existido. A Hoggar, que dirigimos e até gostamos, era o paradoxo sobre rodas: uma picape (teoricamente bruta e resistente), feita pela Peugeot, conhecida pelos carros que desmancham sem bater. Realmente sem sentido. O 508 lamentamos: barca francesa de respeito, imponente e bonito, mas de fato de volume muito baixo de vendas. Merecia melhor motor que o 1.6 Prince.

A Cit matou o C4 hatch, no qual deixamos uma saudação calorosa para o VTR, o esportivo com o vidro traseiro bipartido que marcou época e poderia ter sido um clássico se tivesse vindo com um motor mais forte do que o 2.0 encontrado no resto da linha. As outras versões foram bastante esquecíveis. Agora, com o Golf 7 no Brasil, a Cit deve ter optado por se retirar dessa batalha nesse segmento. Também nos deixa temporariamente a C4 Picasso, verdadeira herdeira da Zafira. Mas volta em breve, remodelada.

A Mitsuba puxou o plugue do TR4, antigo iO, desenhado pela Pininfarina e depois estragado com sucessivos face lifts que o mantiveram por muitos anos no mercado. Carro pequeno, barulhento, apertado, ruim de guiar e de andar, bom mesmo para trilhas. Achou seu nicho com as mulheres que procuram carros com cara de valente, porém compactos para a cidade. Ótima ideia, péssima execução. E a Mit já tem o ASX fazendo esse papel de aventureiro urbano de qualquer modo, que como carro é bem melhor que o TR4.

A Ford matou o Fiesta Rocam depois de 12 anos de mercado. O que começou como um carro bonito e de interior pobre morreu como um carro feio e de interior menos pobre. Vendia pelo custo benefício somado ao bom espaço interno e dirigibilidade agradável. Guiamos um 1.0 hatch recentemente e estava tudo lá: o câmbio justo, a direção precisa, a suspensão bem calibrada e um motorzinho até que valente. A versão 1.6 era mais decepcionante, pois esperava-se mais desempenho e o câmbio longo não ajudava. Dois destaques: o supercharger do início da produção e a base utilizada pelo EcoSport, jipinho sem rivais por muitos anos. Trouxe muitas alegrias à Ford do Brasil esse Fiesta, sem decepcionar seus donos.

A Hyundai deixou de trazer o Devagaloster para substituí-lo pelo turbo que vai tomar pau dos Fuscas e 500 Abarths da vida.

Na Volks, morrem Golf 4,5 e Polo. O Golf não deveria nem ter existido, zumbi que foi do Golf 4 de 1999. Esse sim, um carro bonito, bem acabado e gostoso de guiar mesmo na versão 1.6. Lembremos por um momento do GTI e do VR6, em edição limitada de 100 unidades e preço nas alturas. Belos carros. Substituído mais do que à altura pelo Golf 7, hoje referência no Brasil em termos de desempenho e acabamento em sua faixa de preço. 

O Polo mereceu repetidas despedidas emocionadas pela imprensa especializada. A C/D até pegou um emprestado que não era da frota da VW para fazer a matéria, como se pode notar pelos bancos em couro colocados posteriormente. Foi chamado pelo Bob Nasser de o melhor carro feito pela Volks no Brasil, e era mesmo, a começar pela qualidade de construção. Dirigibilidade maravilhosa, alta estabilidade com um câmbio prazeroso e um motor valente. Sempre foi caro e mal compreendido pelos brasileiros, que ignoraram a joia que podiam ter em casa. Pequeno, sim, mas com retrovisor eletrocrômico, ar digital, retrovisor tilt down, espelho biconvexo, dobradiças pantográficas no sedã, sensor de chuva, e muitos outros quetais. Lamentamos acima de tudo a Volks ter elegido o Fox para ocupar o lugar do finado Polo, ao invés de disponibilizar aos brasileiros o ótimo Polo novo à venda na Europa e na África do Sul.

Adiós muchachos!




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