Vou de táxi. #sqn
Alguns
economistas têm colocado publicamente que os paulistanos (embora isto possa ser
válido para outras metrópoles, os cálculos iniciais foram feitos para São
Paulo) deveriam adotar táxis em seus deslocamentos diários, no lugar do carro
particular. Segundo eles, em trajetos de até 34 km diários (17 km de ida e
volta) o táxi sai mais barato.
Não
vamos entrar no mérito das contas. De fato, se somarmos todos os gastos com
carro, inclusive a depreciação, a conta faz sentido.
Mas
o problema é que só a conta faz sentido. É como escolher a mulher pra casar
pelo fato dela cozinhar bem. Não se está considerando todos os aspectos da
equação.
Começa
pelo fato de que não existe uma multidão de táxis te esperando na porta da sua
casa todos os dias. É preciso ter um ponto de táxi próximo – que nem sempre
terá carros à espera – ou então chamar táxis de cooperativas, que levam horas
para chegar na sua casa, isso quando estão disponíveis. Os aplicativos de
chamar táxi ajudam bastante na equação, mas também não são infalíveis: não são
incomuns histórias de taxistas que cancelam corridas do nada, ou que
simplesmente não aparecem. E tem o fato do táxi acertar o endereço da sua casa:
ele pode errar o número, parar mais longe, e se isso não é muito importante em
dias ensolarados, na chuva não é tão simples.
Depois
do rolê de conseguir o táxi, tem a corrida em si. Em São Paulo pelo menos a
maioria dos carros é relativamente nova (no Rio, nem tanto). Aí tem o fato de
conversar com o taxista, o que muitas vezes pode ser bacana, em outras nem
tanto. Depois tem a briga pelo ar-condicionado: taxistas andam com o ar
desligado para economizar centavos e, quando você entra no carro sob um sol de
rachar, normalmente o interior está aquele forno. Aí tem o constrangimento de
pedir pro taxista ligar o ar, pois aparentemente o cara acredita que um(a)
executiva(a) curte andar com os vidros abertos, levando fumaça de caminhão na
cara e sob risco constante de assaltos. E depois que o cara liga o ar, ainda
pode acontecer de o carro continuar quente pois o ar está fraco ou não chega no
banco de trás, ou então gelar tudo de vez e você sai do táxi parecendo um
pinguim. Então o taxista começa a dirigir e, embora muitos se comportem bem, a
parcela dos sem noção é grande: tanto os que se julgam o novo Ayrton Senna
quanto aqueles que, de verdade, não deveriam estar dirigindo por representarem
um risco para si, para os outros e contribuindo ativamente para o nó do
trânsito. Chega então a hora de pagar o táxi, e ou você está preparado com o
dinheiro na mão – e bastante dinheiro, que ir daqui até ali de táxi já custa 50
reais – ou então pega um dos poucos que aceitam cartão, e aguenta a cara feia
do taxista que só vai receber aquele dinheiro dali 30 dias, como se a culpa
fosse sua.
Não
é tão simples. Substituir o transporte individual não é fácil.
Comentários
Ir no supermercado, ir num hospital de noite, ir viajar.