Histórias de pescador
Longe
de nós falarmos mal de qualquer aficionado por carros antigos. Com as mãos
sujas de graxa, eles fazem muito mais pelo antigomobilismo do que qualquer
blog. É graças a eles que muitos Galaxies, Dodges, Alfas, JKs, Simcas, DKWs e
muitos outros fugiram do que seria uma lenta morte apodrecendo e hoje desfilam
sua graça por aí.
Só
que paixão e razão muitas vezes não combinam. E aí achamos que valeria dar um
pitaco.
Recentemente
conhecemos um Fusca 1976 levemente preparado. Motor 1.7, escape com poucas restrições
e suspensão rebaixada. Segundo o dono, R$ 18 mil de investimento e “muito susto
em carro de bacana por aí”.
Outro
caso é o do Chepala recentemente comentado no AutoEntusiastas. A história de
como este carro ganhou vida é uma verdadeira epopeia, e muito gostosa de ler,
embora quem tenha alguma preocupação com segurança fique inquieto ao pensar que
este carro rodou centenas de quilômetros entre MG e SP com um diferencial
lubrificado com água, entre outras calamidades. Poderia ter causado um
acidente, caso acontecesse uma falha mecânica repentina por exemplo.
No
final, o autor está empolgado. “Imagine
então um cara que pagou R$ 200 ou 300 mil num carro alemão de luxo e tem
certeza que, junto com os documentos do carro, veio uma escritura concedendo
propriedade exclusiva da pista esquerda da rodovia. Você ultrapassa pela
direita e o cara vem babando atrás do Chevette. Ainda bem que o superalemão que
o cara dirige é cheio de eletrônica, assim ele não morre facilmente. Imagine a
vergonha de explicar para São Pedro que você se ferrou tentando pegar um
Chevette.
A máxima do
Chepalinha deve estar nuns 175/180 km/h, não só teórica: já dei umas esticadas
a pouco mais de 160 km/h (sempre real, no GPS) e o motorzinho continuava
crescendo com gosto. Ainda é cedo para checar a máxima, pois o motor ainda está
amaciando.”
Vamos
escolher um carro alemão de R$ 200 mil. Uma BMW 328i Gran Turismo M Sport,
preço de tabela R$ 204 950. 245 cv, motor 2.0 16v Turbo, 0 a 100 km/h em 6,5s e
máxima limitada a 250 km/h. Este é o carro que tomou espanco de um Chepala.
Isso
nos lembra de uma lenda urbana da época em que a Nova Faria Lima, extensão da
avenida de mesmo nome indo da Cidade Jardim até a Helio Pellegrino, em São Paulo,
era ponto de encontro da juventude endinheirada. Faziam a festa, andando forte,
os Gols turbinados. A lenda diz que um belo dia um senhor bem entrado em seus
50 anos encostou no posto que servia de ponto de encontro da turma com sua
perua Audi RS2 para “brincar com os meninos”. E naquele dia não teve pra
ninguém.
Carros
antigos e mexidos andam forte. Mas a comparação com um carro moderno é ardilosa
e não se dá somente pelos números. Existe a transmissão, a durabilidade dos
componentes e, principalmente, como o carro coloca a potência no chão e
transforma força bruta em velocidade. Enquanto os Gols sofriam para despejar a
cavalaria no chão usando as sobrecarregadas rodas dianteiras, a RS2 com sistema
quattro já estava lá na frente. Vale a mesma coisa para a BMW e para o carro de
bacana (Civic? Corolla? Quem tira onda com esses carros minha gente?) que é
apavorado pelo Fusca.
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Vlw