Burn baby burn

Li um comentário muito interessante sobre a revolta na França (caso você não saiba, jovens de classe baixa estão revoltados nos subúrbios de diversas cidades francesas, em protesto contra o desemprego e as más condições de vida). Os revoltosos escolheram o automóvel como símbolo do seu protesto e estão queimando carros aos borbotões.

A escolha de queimar automóveis é muito significativa. O automóvel é um símbolo de status que tem um apelo especialmente forte com a juventude. Não é à toa que a piada da crise masculina da meia-idade envolve ter um Porsche. O carro na juventude não é um meio de locomoção. É muito mais, é afirmação, é uma extensão do pau. Quem não tem carro se sente inferiorizado por quem tem uma moto. Ele consegue ir a qualquer lugar, ele viaja, ele chega no boteco de moto e as meninas olham pra ele. Quem tem moto quer ter carro. Quem tem carro quer ter um melhor. Faz bem pro ego. Atrai as meninas - e atrai mesmo, algumas não, mas muitas sim.

Daí esses jovens terem escolhido o automóvel como alvo da repressão. È algo que eles não podem ter, é um símbolo de status, feliciade e amor vendido a todo instante na TV e que eles só vêem da janela do ônibus. É o símbolo do regime opressor.

Eu gostaria que o Brasil e suas grandes cidades fossem menos carrocêntricas. A absoluta dependência do carro para tudo, devido à falência do transporte público, cria esse aglomerado de carros com uma pessoa que vemos nos congestionamentos. E dá vazão a uma série de carros velhos, inseguros e poluentes que já deveriam ter sido reciclados.

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