F1 e pensamentos
Alguns
pensamentos aleatórios sobre Fórmula 1 agora que passou o GP do Brasil.
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A diferença entre a pilotagem do Max e a do Lando é a mesma entre um diretor e
um analista numa empresa. O analista pode falar que ele faz tudo que o diretor
faz, e pode até estar certo, mas o diretor tem o cabelo branco (ou falta de
cabelo) que faz a diferença quando importa. Por isso que ele é diretor, por
isso que o Max é tetra campeão mundial.
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Sendo jornalistas, não dá pra entender essa babação de ovo pela Mariana. O que
ela faz é o que se espera de um bom repórter que tem décadas cobrindo o mesmo
assunto. O repórter é pago para obter fontes, ganhar a confiança das pessoas,
conseguir informações, filtrar o joio do trigo, as mentiras das verdades, e
repassar para a audiência de forma que esta entenda. É exatamente isso que ela
faz. Não tem nada de brilhantismo, muito menos furo de reportagem ainda mais
num ambiente com mídia controlada e dezenas de assessores de imprensa como a F1.
Ela faz um bom trabalho.
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O que talvez destoe é a qualidade dela frente à baixa qualidade dos seus
colegas de transmissão com exceção dos comentaristas técnicos Max e Giaffone. Sérgio
Maurício indo para um caminho perigoso de muita emoção no lugar da capacidade
técnica. “Lando largou bem” e perder a pole na primeira curva é inadmissível.
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Reginaldo Leme há muito tinha que ter aposentado para preservar seu legado. Uma
pena que não tenham falado isso pra ele, ou que ele não tenha aceitado esse
feedback. Não tem coerência, não tem velocidade, são nove bolas fora para um
comentário que faça sentido.
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É um privilégio enorme para SP e o Brasil ter um GP. Existe tanto o retorno financeiro
como o retorno de imagem. Imagina se esse papo cretino de “retorno sobre
investimento”, ou ROI, existisse na época do renascentismo, e os Médici decidissem
não serem mecenas das artes e permitindo que a gente desfrute hoje da arte dos
gênios como Leonardo Da Vinci e Michaelangelo. Se eles aplicassem na bolsa e
ficassem ainda mais ricos. Tem coisa que não se mensura.
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A Alpine indo bem é aquele ditado: mesmo um relógio parado marca a hora certa 2x
ao dia.
Comentários
- Eu não gosto do Max, não simpatizo com ele como pessoa, mas em uma corrida como a de domingo (e a sprint de sábado) não há como deixar de admitir a qualidade técnica dele. É um baita piloto em uma fase excelente. Não erra, é de se aplaudir. Veja quanto o Leclerc errou na frente dele no sábado, veja quantos erros a maioria dos pilotos cometeu no Domingo.
- A Mariana é boa, como você disse. Acho que o diferencial é o carisma.
- Me deixa triste demais ouvir os comentários do Reginaldo Leme. Sempre acompanhei os comentários dele no passado, sempre trazia informações interessantes e relevantes. Mas envelheceu, o que é bom dada a alternativa, mas como você escreveu deveria ter se aposentado para se preservar. Não tem mais o dinamismo que uma transmissão ao-vivo requer. Talvez devesse ser colunista, para poder desenvolver seus conteúdos com mais calma, usando os conhecimentos que tem, mas com mais tempo para organizar os pensamentos.
- Os comentaristas técnicos realmente são muito bons. O Sérgio Maurício se esforça, mas eu sinto um pouco de vergonha alheia quando ele tenta emplacar alguns bordões, apelidos, etc. Acho que é bom ter alguém que traga emoção para as transmissões, talvez até mais do que ser tecnicamente preciso, se tiver uma equipe em volta para corrigir os erros e essa dinâmica for aceita.
- Quanto à corrida em SP, é um baita evento para a cidade. Pelo que ouvi dos amigos que estiveram lá, estamos deixando a desejar em relação à infraestrutura em torno do autódromo e à organização. Nesse sentido pode funcionar de forma contrária, somado aos problemas de ondulação da pista, nos deixando com uma má imagem no geral. Acho que não é só questão de decidir manter o evento, mas de fazê-lo bem feito. Espero que sigamos por esse caminho.