Começou com as minivans. Depois as peruas. Depois os hatches
médios. Segmentos agonizam e são destroçados pela injustificável preferência brasileira
e mundial pelos SUVs de shopping. E não se engane – os sedãs médios já
começaram a agonizar.
A mais radical foi a Ford, que puxou o plugue do Focus de
maneira injustificável. A PSA também abriu mão do segmento (ainda vende C4 sedã?).
A Renault ficou sem substituto para o Fluence. A Fiat não tem representante desde
o Marea, se levarmos à risca que o Linea era um sedã compacto. O Sentra tá lá,
mas só faz figuração (o novo parece interessante, porém como vender Kicks com
plataforma de March é mais lucrativo, fica a dúvida de quando a Nissan vai querer
oferecê-lo no Brasil).
Quem ficou? O Cruze, herdeiro de uma linha magnífica de Opala,
Monza e Vectra, agoniza e depende de vendas a frotistas. O Jetta, que avaliamos
há pouco tempo, e demonstra a grandeza da Volks em seguir oferecendo propostas
em todos os segmentos (até pouco tempo era a única a oferecer uma perua) – mas vai
sair de linha em breve. O Civic ainda está aí, mas começa a ser questionado. E
o absoluto Corolla, cujas vendas esmagam a concorrência do segmento de tal
forma que é de se imaginar que esse também seja um fator na desistência das
outras marcas.
Então a renovação do Corolla para esta décima segunda geração
é praticamente desnecessária do ponto de vista de vendas (se fosse a VW da época
do Gol quadrado, mudava só as lanternas e aumentava a margem de lucro de 200
para 400%). Ainda bem que a Toyota entende que o mundo é global e que não faz
sentido manter versões defasadas de seu carro-chefe em nenhum mercado.
O desenho escolhido para o Brasil é o “tema luxo”. Como
vimos, o Corolla possui opções diferentes de desenho de acordo com o papel
que representa no mercado. Se nos EUA é carro de entrada, no Brasil e diversos
outros países em desenvolvimento é um sedã executivo, e o visual reflete isso.
A nosso ver a dianteira e a traseira ficaram muito elegantes: a dianteira pelos
apliques em cinza próximos às luzes de neblina, grade em black piano e o bonito
desenho dos faróis (reforçados pelos LEDs nessa versão). A traseira é igualmente
elegante com o arranjo das luzes e o filete cromado que cruza a largura do
carro (tema comum nos sedãs modernos e que aparece até no Maserati Quattroporte).
Temos poucas críticas: achamos o tamanho dos faróis muito pequeno se comparado
ao restante do carro, e a escrita “Corolla” podia ter mudado: é exatamente a
mesma das duas gerações anteriores.
A lateral a nosso ver é o ponto fraco. Não é feia, mas carece
de personalidade. Não gostamos da excessiva divisão dos vidros: existem partes
que não abaixam na parte dianteira, que é estranho, e uma enorme nas portas
traseiras. Ainda, é preferível do que o Jetta, cujas janelas traseiras só abrem
pouco mais da metade do curso. Também não gostamos da “curva” que a base das
janelas faz próximo ao espelho retrovisor: se fosse reto seria mais elegante.
Por dentro o Corolla deu um salto quântico, deixou para trás
um certo conservadorismo e adotou formas mais orgânicas. Imediatamente chama a
atenção o friso cinza claro que atravessa a largura do painel e forma as saídas
de ar laterais. O black piano é adequado ao redor do ar-condicionado (e
excessivo no console central). A combinação de cores bege e cinza da versão
Altis funciona melhor ao vivo do que em fotos, e tem a grande sacada de deixar
na cor mais escura as partes que tendem a sujar mais pelo contato com pele e
roupas. Note que abaixo das saídas de ar laterais há uma saliência que
estranhamos: se não existisse ganharíamos mais espaço; deve ter sido a resposta
aos que criticavam o painel anterior como muito plano.
O acabamento é muito bom; ele e o Civic estão
consideravelmente à frente dos concorrentes. O plástico é macio em grande parte
do painel e das portas, e as partes rígidas estão longe do alcance das mãos. O
couro dos bancos é de ótima qualidade, perfurado como deve ser em país de clima
quente, e o volante finalmente ganhou couro liso e macio, um avanço monumental
diante do modelo anterior. Os passageiros atrás não são tratados como gado: o acabamento
das portas é igual ao das dianteiras.
Já o cluster retrocedeu (o Altis modelo 2021 já conta com o
cluster digital com conta-giros que inexplicavelmente não veio na primeira
fornada). O que temos por aqui nas versões movidas a motor a combustão é o que
equipa Corollas de entrada mundo afora, e foi uma enorme bola fora da Toyota do
Brasil ter especificado desse jeito para diferenciar da versão híbrida. Esse
cluster não tem lugar nem no Etios. O espaço do conta giros (que deveria ser
maior) e termômetro de água, e do velocímetro e nível de combustível não tem divisória
aparente, fica tudo no mesmo plano plástico. Iluminado melhora, com a larga experiência
da Toyota no sistema Optitron. A tela do computador de bordo poderia ser maior,
porém a resolução e esquema de cores e fontes são muito bons. Precisava porém
de maior dedicação ao UX (user experience). Como está, fornece limtadas
informações de cada vez: colocar o velocímetro digital indica abrir mão do
consumo de combustível; dados como horas ao volante e quilometragem rodada
ficam disponívels, porém em outra tela. Por exemplo: existem medições do
consumo de combustível de longo prazo, do tanque e da viagem, porém só podemos
ver uma de cada vez e alterar entre os modos exige acessar 400 menus. Se já faz
a medição, porque não oferecer visualização fácil? Faz falta uma “tela master”
com as informações todas do computador de bordo ao mesmo tempo no display.
O multimídia é uma grande evolução frente ao anterior, mas
está alguns passos atrás da concorrência, principalmente em resolução. A
responsividade da tela é boa, assim como a leitura das informações em diversas
condições. Gostamos de ter todas as teclas de menu em botões físicos nas laterais,
e dois botões giratórios para outros comandos. A conexão via cabo por Apple Car
Play e Android Auto é rápida e intuitiva. Existe uma porta USB próxima do
porta-objetos à frente do câmbio, em uma posição absolutamente horrorosa, e
outra no console central para carregamento somente. À frente do câmbio existe
um porta-objetos de bom tamanho e profundidade para celular, mantendo-o fora da
vista. Podia ser revestido em material macio, porém.
A posição de dirigir é excelente, com ajustes elétricos de
profundidade e altura do banco, este subdividido entre altura do assento na região
anterior ou posterior, bem como amplos ajustes de altura e profundidade do
volante. Não sentimos falta do apoio lombar, mas sabemos que motoristas com
outras compleições físicas poderiam se beneficiar. Tudo isto, somado ao
excelente couro revestindo bancos e volante, torna o posto de motorista do
Corolla um lugar muito agradável e viagens longas passam sem dificuldades.
Já espaço interno é o principal ponto negativo dessa versão.
A carroceria parece mais “fechada”; some-se a isso os bancos dianteiros vultosos,
os gigantescos apoios de cabeça (ficam a dois dedos do teto na posição mais
baixa) e o resultado é um espaço no banco traseiro dos piores da categoria, e
um retrocesso importante frente a geração anterior. Isso mostra que não podemos
considerar somente o entre-eixos como indicação de espaço: o Jetta com 2,68m é muito
melhor que o Corolla com 2,70m. Outros carros de categorias inferiores, como
Virtus e City, são maiores em espaço traseiro. O Corolla é daqueles carros que,
ao levar um passageiro adulto atrás com mais de 1,65m, quem estiver no banco da
frente vai perguntar se quer que ajuste o banco para obter mais espaço. É uma
vergonha essa situação em um sedã do tamanho e do preço do Corolla.
Além do espaço para pernas, o espaço para a cabeça é
limitado. Pessoas com mais de 1,80m começam a raspar a cabeça no teto. Há um
ressalto para acomodação do teto solar quando aberto, mas que não chega a atrapalhar.
E não houve ganho em espaço no porta-malas: continuam os 470 litros da geração
anterior, que são apenas suficientes. Há pescoço de ganso que pode amassar a
bagagem, e um arranjo feio em uma das hastes com fios à mostra: uma cobertura
viria bem a calhar.
Já o pessoal da motorização fez hora extra. O híbrido acabou
atraindo a maior parte das atenções com viés técnico, como seria de se esperar,
e acabou ofuscando um pouco o o 2.0 a combustão, chamado “Dynamic Force”. Mas
não se engane: esse motor seria a estrela da festa caso a versão híbrida não
existisse.
É um 4 cilindros aspirado com 1.985 cm3, diâmetro de 80,5mm e
curso de 97,6mm – ou seja, privilegiando torque. A taxa de compressão é ousada,
13:1, o que explica os 8 cv a mais com etanol (169 x 177cv) a 6.600 rpm (note
como a rotação de potência máxima é elevada mesmo com pistões de curso longo).
O torque não altera, 21,4 m.kgf a 4.400 rpm, e poderia ser maior: os motores
1.4T da concorrência, com torque ao redor de 25 m.kgf, conseguem maior empuxo.
Há duplo comando de válvulas no cabeçote, com variação do tempo de abertura por
motor elétrico e injeção indireta e direta.
O motor roda em ciclo Atkinson, com as válvulas de admissão
não fechando completamente no ciclo de compressão, evitando perdas por
bombeamento e com isso conseguindo uma eficiência térmica impressionante de
40%. A parte ruim é que a potência é reduzida com relação à de um motor a ciclo
Otto convencional. Estima-se que se esse motor funcionasse nessse ciclo, superaria
os 200 cv de potência, ou 100cv/l.
Tudo isso se traduz na prática em um carro muito ágil. O que
poderia ser um ponto frágil, o torque menos robusto, é compensado pela caixa
CVT (mais sobre ela adiante). Acima de 4 mil giros o motor se lembra de sua
herança japonesa e sobre de giros com gosto, entregando altos níveis de
potência e, surpreendentemente, um ronco esportivo até, que combina com a
situação de exigência de desempenho.
É uma delícia explorar um motor aspirado dos bons, nesta época
de turbos tão prevalentes. A entrega de potência é totalmente linear (nada
daquele lag incômodo entre 1.000 e 1.400 rpm) e o motor traz potência até altos
giros, sem “morrer” depois de 5.000 rpm como muitos motores turbo. E levar a
altos giros é importante para extrair o máximo do motor. Quem está acostumado
com carros turbo vai estranhar: não existe aquele tapa na nuca a 2 mil giros,
mas em compensação o motor não morre a 4.500 rpm.
Tudo isso é ainda mais impressionante se você considerar que
o foco da Toyota não foi desempenho, e sim economia. Chegamos consistentemente
a médias superiores a 15 km/l na estrada e 9 km/l na cidade, usando o arremedo
de combustível que chamam de gasolina. São médias equivalentes ou mesmo
superiores às dos sedãs com motor turbo.
(É claro que fica a pegunta: pra que tudo isso se podia
colocar um 1.4T e obter efeito parecido? Mas admiramos e respeitamos quem busca
fórmulas diferentes e investe em outros meios para chegar a um objetivo.)
O 2.0 Dynamic Force é destaque, sem dúvida, porém a solução
da Toyota para este câmbio CVT não fica atrás. CVTs são conhecidos por
multiplicarem o desempenho de carros: quem dirigiu um Fit 1.4 de primeira
geração lembra o quanto o câmbio fazia o carro muito mais ágil do que os 80 cv
fariam supor.
Neste câmbio, a Toyota adicionou uma primeira marcha de
engrenagem “de verdade”, como num câmbio automático epicíclico, para obter melhor
launch feeling. Honestamente, achamos que é a solução para um problema inexistente:
nunca tivemos problema com isso em muitos CVTs que guiamos (inclusive os criticados
do Fit/City e Kicks), e definitivamente não era um problema no Corolla
anterior. Talvez tenha sido necessário para evitar uma possível reação ruim ao
Dynamic Force – que não é exatamente um V8 em torque – de eventuais clientes
migrando de carros com motores turbo.
O que importa é que o resultado final é excelente, e o
Corolla “pula” nas acelerações a partir do zero, com uma saída bastante
convincente. Os motoristas mais atentos perceberão o momento em que a engrenagem
dá lugar às polias do CVT: há um levíssimo tranco, quase imperceptível. Não há ruído
ou qualquer outro sinal.
O câmbio possui programação esporte, sem afetar acelerador e
direção, e é possível trocar as marchas simuladas pela alavanca ou por aletas
atrás do volante. Só que o recurso ficou inútil: acioná-lo é interpretado pela
central como exigência de desempenho, e a marcha selecionada acaba sendo bem
mais curta: a 120 km/h, um toque na aleta ou na alavanca para selecionar
marchas implica automaticamente em engatar quinta e elevar o giro a mais de 4
mil rotações, o que é útil caso se deseje potência imediata, porém é
desnecessário caso o motorista queira somente curtir ou optar por uma relação
menos curta.
Mas o problema principal é o excesso de marchas. Há um milhão
de anos testamos um Jaguar equipado com o famoso câmbio ZF de 8 marchas. No
funcionamento automático era ótimo, o pequeno espaçamento entre as marchas permitia
manter o motor sempre na rotação ideal. Só que usar o manual era inútil: tinha
muita marcha, as rotações oscilavam pouco, acaba tirando o prazer da operação.
A situação no Corolla é ainda mais bizarra, pois se um câmbio epicíclico como o
ZF se beneficia das muitas marchas na operação automática, o Toyota é um CVT e
opera deslizando polias. Se você afundar o pé, o câmbio entra na programação “manual”
e simula troca de marchas, se beneficiando das dez relações próximas. Porém, na
condução normal, se comporta como um CVT.
Só nos resta acreditar que a decisão por 10 marchas foi puramente
do marketing. Câmbio tem que ter no máximo 6 marchas, mais do que isso é contra-producente.
Com isso, o resultado é que acaba-se dexando a marcha em D,
sempre. O que não incomoda nem um pouco: a calibração é excelente tanto para
exigências repentinas de potência quanto na condução econômica.
Em termos de suspensão, esta geração chega com mudanças
pedidas há tempos. A principal é a adoção do eixo multi-link na traseira, que
era quase obrigatório no segmento há alguns anos (Focus, Jetta, Civic) e que hoje
tem rareado.
Como sempre falamos, mais importante que a configuração da
suspensão é a calibração. O que a Toyota conseguiu se iguala aos melhores
esforços de multilink, notadamente os da Ford (RIP). O Corolla está mais firme,
mais controlado, e segue confortável. Consegue um compromisso raro na
categoria, entre a dureza do Civic e a suavidade do Jetta. Quem migrar da
geração antiga vai imediatamente notar a maior firmeza e controle das oscilações,
sem que o conforto tenha sido muito prejudicado.
A nota negativa vai para a altura do carro, que infelizmente
ficou baixo para trafegar nas ruas que “não precisam ser recapeadas”, conforme
a avaliação brilhante dos incompetentes da Secretaria das Subprefeituras, que
só recapeiam grandes avenidas para dar votos. A frente raspa com frequência e demanda
cuidado. Chega a ser cansativo rodar com ele em ruas de bairros, precisa passar
muito devagar em valetas.
Por ser a
versão de topo, o Corolla Altis traz um pacote completo de equipamentos, ainda
mais impressionante se considerarmos que é uma montadora japonesa – destas que
ainda consideram ar bizona “um luxo”.
Vem com sete
airbags (frontais, laterais, cortina e
joelho do motorista), ABS, controle
de estabilidade e tração, rodas de liga
aro 17" com face diamantada, ar-condicionado bi zona com modo econômico, direção elétrica, computador de bordo com tela
de 4,2", Isofix, multimídia de 8" com Apple CarPlay e Android Auto,
câmera de ré, modo Sport de condução, chave presencial, botão de partida,
retrovisor eletrocrômico, faróis e lanternas em LED, borboletas no volante para
trocas de marcha manuais, banco do motorista com ajuste elétrico, retrovisores
externos rebatíveis eletricamente, teto-solar elétrico, sensor de chuva e
Toyota Safety Sense (piloto automático adaptativo, alerta de saída de faixa, farol
alto automático e frenagem automática de emergência).
Fazem falta: freio de mão
elétrico; saída de ar para o banco traseiro; computador de bordo mais completo
e mais fácil de mexer; duas luzes de ré; e não muito mais do que isso.
Este Corolla Altis foi nossa
primeira experiência prolongada com um carro equipado com itens de direção autônoma,
ou segurança e conforto, como preferirem, dentro do pacote Safety Sense. Sobre
eles:
- Piloto Automático Adaptativo:
de longe a função mais útil de todas. É daqueles equipamentos que depois fica
difícil viver sem. Sua utilidade na cidade é reduzida, pois não possui a
configutação de anda-para como tem se tornado comum na VW. O do Corolla desarma
a 30 km/h e faz um “bip” para alertar o motorista. Porém, em vias expressas e
estradas, é um enorme conforto poder acioná-lo e ver o Corolla seguir
pacificamente o carro á frente, ou manter a velocidade determinada em caso de pista
livre. Dá pra dirigir centenas de quilômetros sem usar o freio ou acelerador.
Dois pontos são melhoráveis: a distância
mínima é muito grande para o trânsito selvagem em que vivemos, e é um convite
para motoristas ansiosos entrarem na sua frente. Não tem muito o que fazer,
reduzir a distância não seria aceitável por questões de segurança. O outro problema
é que ele só considera que a pista à frente está livre quando o carro à frente saiu
TOTALMENTE da faixa, o que é irritante...
- Alerta de saída de faixa: para
nós, o oposto do anterior: é o menos útil de todos e costumamos deixar
desligado. Ele percebe o carro se aproximando de uma das faixas delimitadoras
da via e corrige o rumo automaticamente. Parece bom no papel, mas na prática
não funciona. A correção é excessiva e leva o carro em direção à faixa do outro
lado. Depois de 2-3 correções, o sistema se enche o saco, mete um bip super alto
e manda o motorista segurar o volante. E se você muda de faixa sem dar seta,
ele também dá um bip. Para bons motoristas, que estão sempre de olho no
trânsito, é mais uma encheção de saco do que uma ajuda.
- Farol Alto Automático: muito
útil numa situação bem específica: andando em estradas de mão dupla com pouco
movimento. Funciona muito bem, percebe o carro na direção contrária (ou à
frente) prontamente e muda o facho de acordo. Problema é que não serve em estradas
de mais faixas ou de maior movimento, porque aí mantém o farol baixo sempre
(como se deve aliás).
Importante destacar aqui os
faróis em LED. Iluminação extremamente eficiente, instantânea, visível de longe
e bonita. Que chegue a todos os carros logo, pois é um belo upgrade com relação
à iluminação tradicional.
- Frenagem de Emergência:
primeiramente vem um alerta sonoro e visual no painel, e depois aplicação de
freios caso note colisão iminente. Só aciona realmente quando se está muito próximo
do obstáculo, e por isso achamos positivo ter como “babá eletrônica” para
impedir alguma distração ou erro de cálculo por parte do motorista.
Tudo somado, o Toyota Corolla
Altis 2.0 é um carro extremamente agradável. Silencioso, suave, macio, de ótimo
comportamento e estabilidade, de desempenho excelente associado a economia de
combustível, acabamento primoroso e fartura de equipamentos, sem faltar nenhum
item importante. Tem dois grandes senões: o espaço interno no banco traseiro
não condiz com o tamanho e proposta do carro, e a altura da frente é insuficiente
dado o estado horroso das nossas vias.
Dá pra entender a hegemonia da Toyota
no segmento dos sedãs médios, ao considerarmos que muitas dessas boas
características também estão nas versões GLi, XEi e nas híbridas.
Desnecessário comentar que o
carro é caro, todos os carros estão caros, mas este aqui pelo menos entrega um
pacote respetável de desempenho, conforto e equipamentos. Tem gente pagando 300
mil naquele projeto de Scania Jacaré chamado Trailblazer...
Estilo
9 – Ficou muito bonito, especialmente frente e traseira. A lateral chama menos
a atenção, mas segue a tendência mundial.
Imagem
– Tiozão sempre será um pouco, mas o novo desenho trouxe uma juventude que há
muito o Corolla precisava. É mais masculino que feminino.
Acabamento
10 – Materiais macios no painel, portas dianteiras e traseiras, acionamento
sólido dos comandos, excelente couro perfurado nos bancos, e gostamos do
revestimento em duas cores. Talvez o melhor acabamento hoje deste lado da Audi.
Posição
de dirigir 9 – Ajustes amplos, banco do motorista com regulagens elétricas (faltou
a lombar), pedais em posição correta.
Instrumentos
4 – Realmente o cluster não está à altura do resto do carro – justo ele que
fica na cara do condutor o tempo todo. A nota melhora muito na versão 2021.
Itens
de conveniência 10 – Bem equipado, como seria de se esperar de um topo de linha.
O Toyota Safety Sense é a cereja do bolo.
Espaço
interno 2 – Na frente vai bem, poderia ser pouco maior em altura. Atrás impressiona
como falta espaço.
Porta-malas
6 – Poderia ser maior, e as dobradiças pescoço de ganso não ajudam.
Motor
10 – Potente, econômico, suave, ronco gostoso e a entrega linear de potência
que só os aspirados conseguem. Resta ganhar a fama de inquebrável como costumam
ser os produtos Toyota.
Desempenho
9 – Como bom motor aspirado, o melhor desempenho vem com altos giros, e é um
prazer levá-lo a essa condição. A suspensão e câmbio com borboletas ajudam na
tocada.
Câmbio
9 – É o “menos CVT” dos CVTs, com ótimo launch feel e muita suavidade na
condução serena. Pra andar rápido tem excesso de marchas.
Freios
10 – Discos à frente e atrás, boa pegada de pedal, sem zonas mortas ou
molengas.
Suspensão
10 – Calibração excelente, tirando o melhor do sistema multilink para conciliar
conforto e estabilidade.
Estabilidade
9 – Pode ser jogado nas curvas quase como um esportivo. A rolagem da carroceria
é aceitável, e a pegada dos pneus surpreende.
Segurança
passiva 10 – Sete airbags, isofix, controle de tração, estabilidade, frenagem,
Safety Sense e um projeto moderno.
Custo-benefício
8 – Caro como todo carro, mas esse pelo menos é a versão equipada de um projeto
global, o carro mais vendido do mundo.
Obs.: As fotos foram tiradas de um anúncio na internet, pois a Toyota simplesmente não possui fotos dessa versão em seu banco de imagens. Agora, acham que alguém que realmente gosta de carros aprovaria tamanha tosquice? É o que sempre dizemos: para trabalhar em montadora precisa odiar o automóvel.
Comentários