VW Polo 2009

A VW retomou a propaganda do Polo. Anúncios de página dupla ocuparam algumas grandes revistas nacionais, e apareceram inclusive na 4R do próximo mês.

A linha Polo sofreu pequenas mudanças para o ano que vem. Ainda não se falou do que seria a maior novidade, a introdução do motor 2.0 flexível, seguramente com aumento de potência diante dos medíocres 116 cv atuais. Estranho esse motor ser apresentado no Polo, onde não representa nada das vendas e faz mera figuração. Ele deveria aparecer no Golf, o carro que mais se ressente da falta de um 2.0 competitivo – pelo jeito é isso que vai acontecer mesmo.

O motor 1.6 sofreu pequenas alterações. Ao contrário do 2.0, ele já é flexível em combustível, mas tem desempenho limitado: apenas 103 cv com álcool, sendo que o 1.4 GM usado na linha Corsa já chega a 105 com o mesmo combustível. Como a Ford provou, é possível levar um motor 1.6 8v flex a até 115 cv, sem prejuízos à confiabilidade. Hoje, quem compra um Ford Ka 1.6 a 33 mil reais leva um carro mais potente do que quem comprou um Polo Comfortline completo a 58 (ou pior ainda, um Golf 1.6 completo a quase 70 mil).

Se bem que levar pra casa, na situação específica do Ka, é algo relativo, já que o carro está com absurdos 4 meses de espera...

Infelizmente, a mudança foi pequena. A VW apenas alinhou a potência com o motor GM (105 cv no álcool) e priorizou o torque, ganhando cerca de 1 kgfm. É um aumento significativo, num motor que já é bom de torque, embora ele apareça a elevadas 3250 rpm.

Isso permitiu à VW alongar as marchas do Polo. É interessante notar a evolução do carro nesse aspecto. Ao ser lançado, foi comentário unânime na imprensa ccomo as marchas do carro não precisavam ser tão curtas. Era um escalonamento de carro 1.0 num 1.6. Apenas em 2004 a VW finalmente mexeu os pauzinhos e deixou o carro com uma relação de marchas bem agradável, similar à maioria dos carros da mesma cilindrada: 100 km/h a 3 mil rpm, anda bem em 4ª marcha a 60 km/h. Agora a VW partiu para uma opção de câmbio realmente longo, motivada pelo torque extra. Eu, como fã de câmbios espaçados, aplaudo a iniciativa da VW, que só corrobora o seguinte:

A linha Polo é unanimamente considerada a melhor parte da produção nacional da Volkswagen hoje. Um carro que não tem uma posição torta de dirigir (Gol, Parati), não é todo de plástico (Fox), e não é uma solução bizarra para esconder o fato de que não temos a nova versão do modelo (Golf 4,5), sem falar no preço do seguro. Se você é fã da VW, o Polo é o único caminho.

Aproveitando o ensejo, nesta nova série de propagandas da VW eles começaram a anunciar um novo opcional do carrinho, chamado de I-System. Ele nada mais é do que o computador de bordo presente nos Audi A3 (inclusive o atual), e é um sistema muito completo de gerenciamento de algumas funções do veículo.

O computador de bordo vem de série nos Polos Sportline e Comfortline. Aparece no mesmo marcador do relógio digital e indica: autonomia, consumo médio, consumo instantâneo, km percorrida, tempo gasto na viagem e autonomia. Tem duas memórias para cada item.

O I-System vem num display separado, entre o velocímetro e o conta-giros. É todo vermelho. Indica a temperatura externa e mais uma das funções iguais à do computador de bordo.

As diferenças:

O I-System indica, com o carro desligado, qual porta está aberta.
O I-System permite regular as seguintes funções: alívio de pressão nas janelas, sinal sonoro qdo tranca e qdo destranca o carro, sinal luminoso qdo tranca e qdo destranca o carro, alerta de velocidade, travamento automático das portas ao rodar, e se o comando de abrir ou fechar portas atua só na porta do motorista ou em todas.

O I-System também permite que você regule alguns alertas. Por exemplo, você pode pedir para ele te avisar quando você rodar 10 mil km, para trocar o óleo. É útil para dispensar aquela etiqueta colada no vidro.

O I-System também incorpora os avisos do carro (check control), como temperatura do sistema de arrefecimento, nível de pressão do óleo e nível da gasolina. Com o tanque baixo, ele acende uma bomba de gasolina laranja e aparece em vermelho a mensagem “Abastecer Combustível”.

A Volks, no entanto, precisa definir o que fará com o I-System. Ele pode ser um opcional à parte, ou então integrar o módulo tecnológico (Ar digital, sensor de chuva e retrovisor interno fotocrômico). Atualmente, é possível encontrar Polos com o computador de bordo normal e I-System sem que vendedores saibam a diferença. Numa época em que não se vê o que se vai comprar na concessionária, só se encomenda carros, é importante que todos tenham o treinamento adequado para que, quando a montadora finalmente resolve melhorar alguma coisa no carro, isso não se perca na ignorância do pessoal da concessionária.

Além do I-System, o Polo 2009 ganhou algumas frescuras extras, como porta-óculos (que, como bem frisou o sempre brilhante Marcelo Moura na 4R, alia-se ao melhor porta-copos do mercado, com ajuste milimétrico), molduras escuras nos faróis dianteiros e novos tecidos nos bancos – não li em nenhum lugar que os tecidos melhoraram em qualidade. Pelas fotos, parece ser um tecido já utilizado no CrossFox, e que é igual ao utilizado até agora pela VW – apenas mediano, longe do veludo que a Fiat oferece no Punto, por exemplo.

Outro detalhe comentado pelas revistas especializadas foi a mudança do volante. Pois bem: é o mesmo volante usado até agora nas versões com airbag do Polo. Resta saber se o volante das versões sem airbag será alterado (deveria; o usado atualmente é horroroso).

Em algumas coisas a VW não mexeu, embora devesse: a direção poderia voltar a ser eletroidráulica, para ter mais leveza em baixa velocidade. A suspensão do carro é dura, o que, combinado com os pneus 195/55 de perfil baixo, deixa o Polo bem durinho – embora extremamente estável. O capô também poderia voltar a ser sustentado por mola a gás. No fim, e isso não faria mal a ninguém, o plástico das portas e da parte de cima do painel poderia ser um pouco mais macio.

Críticas à parte – e são pequenos detalhes – o Polo segue como o único carro verdadeiramente competitivo da VW do Brasil. O resto do panorama só deve mudar com a chegada do Gol NF. Será?