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Mostrando postagens de 2021

No fundo do poço tem um alçapão

Hoje a Honda lançou o novo City em versões hatch e sedã, que vão substituit basicamente toda a sua linha de carros no Brasil, já que Fit, WR-V e Civic serão descontinuados – de alto volume sobrou só o HR-V. Não vimos o carro ao vivo, mas pelas fotos é nítida a perda de qualidade em relação ao Civic, e nem poderia ser diferente: é um carro de categoria inferior. Mas vem custando o que o Civic 10 custou em seu lançamento, em valores nominais: a faixa de 90 a 120 mil reais. Essa decisão oficializa o status do Brasil como país de quinto mundo, comparável aos mais falidos países africanos e asiáticos, o submundo global, os párias. Para nós vem o que há de mais barato, simplificado, sem graça, sem sal, sem vontade de viver, para que a empresa continue extraindo seu lucro em cima de um consumidor sem alternativas. E você que está aí lutando com todas as forças para manter seu emprego, aceitando ficar sem reajuste porque não tá fácil, ou tentando se virar no empreendedorismo, só resta ac

Ninguém vive pra sempre

Engraçado como algumas coisas têm sinergia. Esses dias estávamos perdidos no YT navegando pelos vídeos antigos da coleção de Dodges do Badolato. Conteúdo maravilhoso, de primeira, mas não pudemos deixar de nos perguntar: o que será da coleção quando o Badola não estiver mais neste plano? E não é pra desejar mal, de modo algum, torcemos pela saúde de todos sempre, mas a questão é um fato. Com isso em mente, lembramos deste link sobre o leilão dos carros da coleção do Neil Peart, lendário baterista do Rush que faleceu em janeiro de 2020 após três anos de luta contra um câncer – embora alguns acreditem que ele simplesmente fugiu da pandemia... E os carros que ele juntou com tanto cuidado, carinho, investimento, e que curtia tanto, serão leiloados para integrarem outras coleções. Temos certeza que esse não era o destino que Peart queria pra coleção dele. Serão guardados, longe da vista de todos, em galpões ultra secretos nos quais mal verão a luz do dia, salvo se algum foi adquirido

Quando os bons sofrem nas mãos dos incompetentes

Hoje descobrimos que o dublê de fotógrafo, responsável pela Quatro Rodas no pior período de sua história, que destroçou a credibilidade da revista, também foi quem impediu o Juliano Barata de fazer testes, escrever para a publicação, e assim ceifou a revista de ter o texto de quem seja talvez o principal jornalista automotivo no Brasil hoje. Espero que esteja feliz com seu lugar no pântano da história. 

Corolla Cross, o resiliente

A Toyota anunciou recentemente que vai abrir o terceiro turno na fábrica de Sorocaba para aumentar a produção do Corolla Cross. Pelo visto, os japoneses foram mais eficientes para garantir o fornecimento de semicondutores e com isso não foram afetados por paralisações como praticamente todos os outros fabricantes. E com isso conseguem atender à demanda de quem vai comprar carro zero e encontra dificuldades de entrega na concorrência. Só isso para explicar a escolha de uma cidadão por um SUV gordo, feio, sem graça, absurdamente caro, inferior a tudo em relação ao carro do qual deriva, e com um milhão de opções melhores, inclusive ficar em casa.

Teste: Volkswagen T-Cross Comfortline 200 TSI

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Na maioria das fabricantes, o SUV compacto é a estrela da casa. Basta ver o HR-V que tomou conta Honda, o Kicks na Nissan, até o Eco na finada Ford. A Fiat tá fazendo o maior estardalhaço com o “Progetto 363” que é o SUV do Argo, como se isso invalidasse o fato que esse carro deverão ter sido lançado há uns 3 anos. Mas o T-Cross, coitado, não teve essa sorte. Chegou depois, em pouco tempo foi totalmente eclipsado pelo Nivus, esse sim uma estrela na linha VW pelo design arrebatador e proposta interessantíssima. O desenho do T-Cross é exatamente o que se esperaria de um briefing “faça um SUV compacto” entregue na mão do time de designers. É facilmente identificado como um VW, remete à família Polo e Virtus com uma pitada de elementos exclusivos que lhe dão identidade, como a grade dianteira e as lanternas traseiras. Nada surpreendente, nada fora do lugar, típico VW. Assim como no finado Up!, o T-Cross brasileiro é maior que o similar europeu, 8,8 cm no comprimento e 1 cm na altura,

Presidentes de verdade

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  Que bela imagem compartilhada pelo @miau_museu, da Ford com seu PRESIDENTE BRASILEIRO. Olhem que linha maravilhosa de carros: Em primeiro plano o primeiro Focus, hatch médio de melhor dirigibilidade já oferecido no Brasil até hoje. Design arrojado, espaço interno, conforto, desempenho, equipamentos, acabamento, tudo isso a preço competitivo. Na sequência o Ka, carro compacto pra cidade muito antes de Mobi, Up e Kwid, à frente do seu tempo, com uma dirigibilidade maravilhosa e foguetinho nas versões 1.6. Depois o Fiesta gatinho, já em final de ciclo mas ainda oferecendo bom desempenho e espaço a preço competitivo. Em breve seria substituído pelo Fiesta de Camaçari que seria um campeão de vendas. Por fim uma perua Escort já em final de ciclo, porém carro sem substituto à altura até o lançamento da Toyota Fielder. Espaço gigante, gostosa de dirigir, comportamento europeu com o motor 1.8 16v Zetec e câmbio longo. Tudo isso com um BRASILEIRO à frente, um cara com garra, a fim de

Trago verdades do futuro

Manchetes: Julho de 2021: Renault lança Captur com novo motor 1.3 turbo; preços começam em R$ 124.900. Janeiro de 2022: Renault encerra venda da Captur no Brasil. Presidente afirma que “vendas ficaram abaixo do esperado”. Dezembro de 2022: Renault fecha operação brasileira. Presidente não entende como vendas caíram tanto em 18 meses.

Ferrari 269 GTB e o prazer em dirigir

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Essa semana a Ferrari lançou a 296 GTB, sucessora da F8 Tributo e portanto com a importante missão de ser a Ferrari mais divertida de guiar – considerando que todas as outras são GTs ou carros para Nurburgring. São 663 cv no V6 biturbo e que chegam a 820 cv e 85,6 m.kgf de torque com ajuda do motor elétrico. O peso é de 1470 kg com o pacote Asseto Fiorano de redução de peso, razoável para um carro híbrido. Normalmente isso passaria batido aqui no M4R. Não damos muita bola para carros de sonho que serão comprados por xeiques e outros multimilionários. Mas o que nos chamou a atenção é que a Ferrari diz que a 296 GTB redefine o conceito de “Fun to Drive”, ou Prazeroso de Dirigir. A Ferrari deve ter usado a palavra “redefinir” de propósito, literalmente significando “uma nova definição”. Ou seja, caro entusiasta, esqueça o que você entende como satisfação ao dirigir: ronco do motor, vibração, entrega de potência, trabalho da suspensão, feedback dos pedais, do câmbio, do sistema de

Cem mil virou dinheiro de pinga

Hoje navegando distraidamente pelo Instagram quase tivemos um troço. Soubemos pelo perfil da Renault que o Duster mais barato à venda custa R$ 102.000. Sim. CENTO E DOIS FUCKING MIL REAIS. Seis dígitos numa merda de um SUV romeno na primeira geração com interior de brinquedo Fischer Price e lanterna traseira de Galaxie. Motor 1.6 jurássico. O Duster mais barato à época do seu lançamento em outubro de 2011 custava exatamente a metade: R$ 51.000. Em março de 2015, primeira reestilização, já subiu para R$ 63.000. Ajustado pelo IPCA, o valor do Duster de 2011 corresponderia hoje a R$ 87.000. Sim; dobrou de preço um carro que está na MESMA GERAÇÃO HÁ DEZ ANOS. Olha, tem mais é que todo mundo andar de Uber mesmo, ônibus, metrô, a pé, porque comprar carro no Brasil não dá não.

Respondendo comentários

Pessoal, muito obrigado pelos comentários recentes. Por ordem de chegada: Tomas, divergência de opiniões colocada de forma respeitosa como foi falado será sempre bem-vinda. Nós não temos experiência de propriedade de Fox para opinar como ele fica após anos de uso. Não deveria ser um carro de problemas dado o tempo de produção, mas não duvidamos que a VW esteja “pegando atalhos” e reduzindo a qualidade de fabricação. Anônimo, deixar de comprar carro 0km não é a solução. Basta ver o caso da Ford. As vendas caíram e a empresa simplesmente fecha as portas, fábricas, deixa trabalhadores e famílias desamparadas. É um mercado bizarro, no qual o consumidor parece não ter alternativa de melhorar sua posição na negociação. Se há alta demanda, fabricantes sobrem os preços e engordam a margem. Se há baixa demanda, demite-se, fecham-se fábricas, mas os preços não caem. No máximo mantêm o patamar e são lentamente corroídos pela inflação, com algum desconto aqui e acolá nas concessionárias. É

Montadoras: cavando a própria cova

Hoje passamos a pé por uma rua movimentada de São Paulo com várias oficinas. Dia útil, todo mundo trabalhando, portas abertas, e não pudemos deixar de reparar que em TODAS elas havia pelo menos um carro com mais de 20 anos de idade fazendo manutenção. Em uma, que pertencia a uma rede grande dessas que recebem carros de locadora, havia uma Ford Explorer do final dos anos 90. Insólito, pois seria o último lugar no qual esperaríamos ver um carro mais antigo, já que essas oficinas ganham dinheiro na massa bruta mesmo, trocando óleo e filtro de carros quase novos. Em outra, pequena, tinha um Fusca do final dos anos 60. Em outra, especializada em preparações (mas não em antigos), havia uma M5 quadrada e um Corvette C4. Por fim, em uma que abertamente recebe carros antigos, o chão estava cheio: Dois Opalas, dois Fuscas, um Polara, um Pontiac TransAm, uma Alfa 145 spider e um Karmann Ghia. Não estávamos em um canto da cidade especializado em antigos, tampouco próximo de um local de encon

Teste: Volkswagen Fox Connect 1.6

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  O Fox foi lançado em 2003 numa época que a VW tomou várias decisões bastante questionáveis. A principal talvez tenha sido “atualizar” o Gol G3 – a melhor geração para nós – pelo tenebroso G4, aquele Fischer-Price sobre rodas. Outras burradas se seguiriam, como o Golf 4,5, e a não sucessão do Santana. Levou uns 5 anos para a Volks voltar a tomar decisões acertadas como a importação do Jetta e o face lift do Polo. Como saiu do forno, o Fox era a ideia certa com a execução errada. Apresentou-se como uma alternativa moderna ao Gol, que na época ainda trazia motor longitudinal, com amplo espaço interno. Algo a ser bem recebido no Brasil e no exterior, mas que sofreu devido ao interior absurdamente espartano (foi o primeiro carro nacional a vir somente com plástico no revestimento das portas? Possível) e a suspensão muito dura para compensar a altura mais elevada. Ainda teve a questão dos dedos decepados para quem rebatia o banco traseiro, combinada a uma postura arrogante da VW à ép

Progetto Decepzione

Sério mesmo que a Fiat está anunciando o tal do Progetto 363 há quinhentos anos, maior fuzuê, pra revelar essa porra de Argo levantado com faróis de LED? Que dava pra fazer em 5 minutos? Ou vai ver teve uma orientação forte de não fazer um SUV decente pra não brigar com a Jeep. Mas que vergonha hein...

Down: Volkswagen encerra produção do Up!

  Hoje a VW oficializou o encerramento da produção do Up! Aqui no M4R sempre gostamos do carrinho , achamos muito válida a proposta de um carro pequeno, urbano, com desempenho acima da média e níveis elevados de segurança. Infelizmente, no Brasil ficou perdido em meio a tantos outros carros de maior porte e melhor acabamento que custavam a mesma coisa. As vantagens em desempenho e segurança também foram diminuindo conforme a concorrência se modernizou. Neste parágrafo, iríamos fazer uma crítica ao planejamento da VW Brasil com o caso do Up. Ele surgiu na Europa como subcompacto, com dimensões menores, tanque de 30 litros, porta-malas inexistente e tampa traseira de vidro. Num projeto exclusivo para o Brasil (que, portanto, demandou tempo e dinheiro), o Up ganhou comprimento, espaço no banco traseiro, no porta-malas, e tanque maior. O que acabou transformando-o num concorrente dos compactos nacionais como Gol e Onix. Em retrospecto, não parece um bom investimento. Mas não queremos

Teste: Toyota Corolla Altis 2.0 flex Dynamic Force

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  Começou com as minivans. Depois as peruas. Depois os hatches médios. Segmentos agonizam e são destroçados pela injustificável preferência brasileira e mundial pelos SUVs de shopping. E não se engane – os sedãs médios já começaram a agonizar.   A mais radical foi a Ford, que puxou o plugue do Focus de maneira injustificável. A PSA também abriu mão do segmento (ainda vende C4 sedã?). A Renault ficou sem substituto para o Fluence. A Fiat não tem representante desde o Marea, se levarmos à risca que o Linea era um sedã compacto. O Sentra tá lá, mas só faz figuração (o novo parece interessante, porém como vender Kicks com plataforma de March é mais lucrativo, fica a dúvida de quando a Nissan vai querer oferecê-lo no Brasil).   Quem ficou? O Cruze, herdeiro de uma linha magnífica de Opala, Monza e Vectra, agoniza e depende de vendas a frotistas. O Jetta, que avaliamos há pouco tempo, e demonstra a grandeza da Volks em seguir oferecendo propostas em todos os segmentos (até pouco tempo era a