Um dia...

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/infomoney/2012/08/31/chevrolet-camaro-custa-nos-eua-menos-que-palio-weekend-no-brasil.jhtm

E a presão aumenta.

Vamos explicar como funciona. Quando o item discutido na imprensa é polêmico, e abrange várias ou todas elas, as empresas se escondem atrás das Associações de classe. É isso mesmo, se escondem. Fiat, Ford, VW, GM, as outras, não vão se pronunciar oficialmente. Vão ficar mudinhas e caladas atrás da Anfavea, a Associação dos Fabricantes de Veículos, presidida pelo Cledorvino Bellini, que também é presidente da Fiat.

Não é privilégio das montadoras. Quando o Brasil mudou os padrões de tomada, as empresas de eletrodomésticos eram totalmente contra. Mas ninguém viu Brastemp, Electrolux, LG, Samsung ou Philips se manifestarem. Quem falou foi a Eletros, a associação de classe.

É sempre assim.

Então infelizmente vamos continuar ouvindo ladainhas e boçalidades da boca dos representantes da Anfavea. Nenhuma montadora vai se adiantar e falar "reduzimos nossos preços em 10%"; ganharia o ódio mortal de todas as outras, e isso é mais importante hoje em dia do que ganhar o respeito e a admiração do povo brasileiro - que vai continuar comprando carros, quer queiram ou não.

Uma alternativa seria uma interlocução entre a Anfavea e o próprio governo, num pacote de desoneração fiscal e redução de margens de lucro. Aliás, se o governo agisse mesmo em nome do interesse da população, ele que deveria propor essa manobra. É difícil acontecer: os impostos são muito bons, e a remessa de lucros para o exterior pelas montadoras também engorda o bônus dos executivos que tomam as decisões.

Mas é melhor manter a pressão do que deixar esfriar. Então que continuem as matérias; que continuem os comentários revoltados, cada vez mais e mais. Água mole em pedra dura.

Comentários

T.G disse…
Dub,

Ainda que eu concorde com a idéia de desoneração do produto brasileiro (no geral) e principalmente nos automóveis, a idéia de se coibir de qualquer forma o lucro de uma empresa é no mínimo complicada; concordo com a redução de impostos (digamos que o governo nao vai ficar sem arrecadação), mas limitar o lucro abre uma jurisprudência para um controle de mercado que vai contra a idéia de um mercado livre.
Se algo do gênero ocorre com as montadoras sem duvida isso se multiplicaria para o restado mercado e a grande verdade é que reclamamos dos lucros das outras empresas, mas nunca pensamos no resultado disso para o nosso trabalho (imagine se a empresa - sua ou que você trabalha) decide que tem de baixar as margens - por uma demanda do governo.

Infelizmente a conta é complicada; a redução de impostos é a única solução sem impacto direto no conceito de mercado aberto; temos de lembrar que uma parte da origem das nossas carroças vem de dos tempos de Collor, com controle de preços e mercado protegido.

Excelente blog!

Abraço

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