Peugeot 307 Rallye 2.0 16v automático

Chegou a hora de falar do carro que mais me impressionou em Campos do Jordão. Peugeot 307. De uma maneira geral, o segmento dos carros médios no Brasil, compactos na Europa, vem passando por uma revolução desde o lançamento da quarta geração do VW Golf na Alemanha. Essa geração foi a responsável por consolidar uma transição de tecnologia e conforto dos carros maiores (no caso, Passat) para este segmento. O que o Golf de terceira geração e e o próprio Astra belga ensaiaram fazer consolidou-se em 1999. Esta geração do VW Golf trouxe novos parâmetros de beleza, durabilidade, dirigibilidade e – o mais gritante – acabamento interno. Dessa geração de carros da Volks, quem entrou em um Golf 1.6 1999 não está muito longe de um Passat moderno.

O segmento inteiro foi obrigado a seguir os passos do Golf. O Astra teve o azar de ser lançado ao mesmo tempo que o Golf na Europa e ainda ter ficado de fora desse barco. O Focus foi o primeiro concorrente do Golf digno de nota; se não igualava o acabamento interno, trazia nítidas vantagens em dirigibilidade e mecânica mais avançada. O Stilo teve que inaugurar essa fatia na Fiat, por falta de um modelo maior para se inspirar; o Marea, excelente em desempenho e dirigibilidade, compete com o Santana em pobreza de acabamento interno.

O que o 307 faz é levar essa assimilação dos carros maiores um passo adiante. A impressão positiva ao se entrar no carro iguala à do Golf em 99. Sério; o ambiente interno é de BMW, pelo menos na versão de topo que dirigi, 2.0 automática. Eu valorizo muito o ambiente interno, e esse é o ponto forte do 307. É ergonômico, com tudo ajustável e de muito bom gosto. O painel é bonito e o volante oferece excelente pega. O banco é confortável e o espaço interno, muito bom.

Até aí, um pacote ligeiramente melhor do que a concorrência que ainda pode ser batido. Então surge o supertrunfo: o câmbio automático tiptronic. No modo Drive, trocas suaves. No modo Sport, um câmbio espertíssimo que mantém o pique de um carro pesado e com um motor que não é lá essas coisas. Ou seja, andar anda, mas depois do Duratec ele tinha que ficar meio apagado mesmo. E além disso, com um leve toque pra esquerda, o câmbio entra em modo manual. Um display no painel indica a marcha utilizada. Há que se acostumar com o pequeno “lag” de tempo entre efetuar a mudança na alavanca e a efetiva troca de marcha, mas na segunda volta na quadra já estava tudo bem.

Falhas? Claro. Não tem teto solar, o que é ridículo em um carro da categoria com uma irmã perua que oferece um teto de vidro; a outra é a aparência externa, ainda alta demais. Além disso, me assusta a quantidade de 307 que vejo pelas ruas com alguma lâmpada queimada. O carro pode ter algum defeito elétrico. Mas, novinho como estava, era tudo lindo e maravilhoso.

Vou fazer uns comentários nas notas pq acho que ainda não falei o suficiente sobre o carro.

Estilo 4 Não é, de fato, a melhor parte do carro. Uma Pegueot que lança um 206, um 406 Coupé (lindo, lindo, lindo, Pininfarina) e um 407 não pode cometer um 307. Sério mesmo.
Acabamento 10 Bem-vindo a um novo padrão. O dono de um A3 vai se sentir em casa.
Posição de dirigir 9 Ajuda muito o volante, excelente.
Instrumentos 8 Painel completinho, mas também não inova. A nota alta vai pelo display das marchas e pelo aro cromado nos instrumentos.
Itens de conveniência 9 O carro é completo; falta teto solar.
Espaço interno 8 Ponto forte do 307, ajudado aqui pela altura do carro.
Porta-malas 6 Não é o forte de um hatch.
Motor 7 É bom, suave, silencioso, mas fica apagado diante do conjunto do carro.
Desempenho 6 Pra correr, fique com o Duratec.
Câmbio 10 Inovação a um toque.
Freios 9 ABS com EBD e disco nas quatro. O carro nem tem esse ímpeto todo.
Suspensão 8 Vai bem, absorve as irregularidades, mas aparentou ser meio molenga. Ainda vai dever pro Focus.
Estabilidade 6 Num segmento com ícones do quilate de Focus, Golf e Astra, o 307 está mais para Stilo.
Segurança passiva 8 Air bag duplo, pré-tensionador, blá blá blá.
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